O número de pessoas vivendo “à beira da emergência” quase dobrou para 220 milhões em apenas dois anos, de acordo com relatório da ONG Care International, uma das maiores agências de ajuda humanitária do mundo, divulgado nesta quinta-feira.

Segundo a organização, bilhões de dólares em ajuda serão desperdiçados se continuarem a ser gastos “da forma errada”.

O fracasso na resolução de questões que mantém as pessoas em estado de extrema pobreza deixou milhões de pessoas sem condições de lidar com o aumento do preço dos alimentos, advertiu a Care International.

Reduzir a fome e a pobreza pela metade em todo o mundo até 2015 é uma das metas mais importantes estabelecidas pelas Nações Unidas.

“A falta de ação no mundo em emergências alimentares se provou dispendiosa e são as pessoas mais pobres – reduzidas a não ter o suficiente para comer – que estão pagando o preço”, disse Geoffrey Dennis, diretor-executivo da Care International UK.

O relatório da organização, “Vivendo à beira da emergência: Pagando o preço da inatividade”, é divulgado em antecipação a uma reunião das Nações Unidas sobre as Metas de Desenvolvimento do Milênio, programada para a semana que vem em Nova York.

A principal prioridade das Metas é reduzir pela metade o número de pessoas cuja renda seja inferior a US $ 1 por dia até 2015.

Coordenação

A comunidade internacional não aprendeu as lições de inúmeras emergências, disse o relatório da Care International.

Com freqüência a ajuda chega tarde demais, tem curta duração e as políticas são concentradas demais em salvar vidas em detrimento de criar um poder de recuperação na população, diz o documento.

“É uma vergonha que, apesar de alertas, o dinheiro ainda está sendo gasto da forma errada”, afirmou Dennis.

O documento pede aos doadores que coordenem sua ajuda de emergência e compromissos com o desenvolvimento no longo prazo, e que se concentrem na produção de alimentos e apoio aos mais pobres no mundo. Eles também devem desenvolver sistemas de alerta antecipado para desastres.

“Governos, as Nações Unidas, doadores e agências humanitárias precisam aproveitar esta oportunidade para realizar reformas estruturais de longo-prazo ao sistema de ajuda que vai proteger os mais vulneráveis de emergências e criar uma resistência ao aumento do preço dos alimentos, seca e outros choques.”

O relatório da Care International é divulgado um dia depois de o diretor da agência das Nações Unidas para Agricultura e Alimentos, FAO, Jacques Diouf, ter dito que o número de pessoas que sofrem de fome aguda aumentou em 75 milhões no ano passado, chegando ao que se estima serem 925 milhões.

Fonte: BBC Brasil

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