Dois párocos da diocese de Würzburg (Baviera) foram suspensos neste domingo por suspeita de pedofilia, em plena crise de credibilidade da Igreja bávara, após o Vaticano aceitar no sábado a renúncia do bispo de Augsburgo, Walter Mixa.

Ele confessou ter cometido maus tratos a crianças, e também está sob investigação por supostos abusos sexuais.

Fontes eclesiásticas de Würzburg informaram hoje da suspensão dos religiosos e da tramitação dos casos na Promotoria, de acordo com as novas normas da Conferência Episcopal Alemanha de informar de qualquer denúncia de pedofilia à Justiça.

Os suspeitos são um padre de 62 anos, que é investigado por um caso de pedofilia contra um jovem de 17 anos, ocorrido em 1985.

Com 59 anos, o outro religioso, atualmente em exercício na mesma diocese, é suspeito de abusos a crianças quando estava em Fulda (oeste do país).

Ontem, o papa Bento 16 aceitou a renúncia do bispo Mixa, o mais recente de uma série de prelados católicos forçados a renunciarem por escândalos de abuso.

Um comunicado do Vaticano disse que o papa concordou com a demissão de Mixa. Ele se tornou o primeiro bispo da Alemanha natal do pontífice a se retirar devido ao escândalo de abuso infantil que abalou a Igreja Católica em vários países europeus e nos Estados Unidos.

Escândalos

A Igreja Católica enfrenta uma crise devido os acobertamentos de abusos sexuais de crianças por parte de padres.

Na Europa, muitas alegações de acobertamentos de abusos sexuais envolvem Munique, na época em que o papa foi arcebispo da cidade, entre 1977 e 1981. Grupos de vítimas pedem ainda informações sobre as decisões tomadas pelo papa na época em que dirigiu o departamento doutrinal do Vaticano, entre 1981 e 2005.

Na Áustria, a imprensa local noticiou casos de abusos cometidos em dois institutos religiosos nas décadas de 1970 e 1980. Na França, a diocese de Rouen informou que um de seus padres está sendo investigado por “antigos delitos contra uma criança”. Os casos de pedofilia atingiram ainda a Holanda, onde a Igreja Católica recebeu 1.100 denúncias de pessoas que afirmam ter sofrido abusos sexuais por parte de membros do clero entre os anos 50, 60 e 70.

Outros casos

Nos EUA, as maiores autoridades do Vaticano, incluído o então cardeal Joseph Ratzinger, teriam encoberto o reverendo americano Lawrence Murphy acusado de abusar sexualmente de 200 crianças surdas.

No Chile, Fernando Karadima Fariña, ex-pároco da Igreja do Sagrado Coração de Jesus da Floresta, de Santiago, está sendo investigado por autoridades judiciais e eclesiásticas após denúncias de abusos sexuais, segundo informações do cardeal Francisco Javier Errázuriz.

No México, o fundador da congregação Legionários de Cristo, o falecido padre Marcial Maciel, é acusado de cometer abusos contra jovens seminaristas durante décadas.

No Canadá, o ex-bispo católico Raymond Lahey, que já tinha sido acusado de armazenar pornografia infantil, está sendo processado agora por agressão sexual pela Justiça. Ele renunciou em setembro a seu cargo da diocese de Antigonish, em Nova Scotia (leste).

O Vaticano reconheceu ainda os abusos cometidos por dois monsenhores e um padre do município de Arapiraca, a 130 quilômetros de Maceió (AL). Eles foram acusados de pedofilia por integrantes de um coro e por seus familiares.

Fonte: Folha Online

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