O presidente da Federação Luterana Mundial (FLM), bispo Mark S. Hanson, conclamou comunidades luteranas de todo o mundo a se engajarem, na política e em ações, para reverter o processo de mudança climática.

A humanidade, disse, portou-se, em pensamento e atividades, como se o objetivo da Criação fosse servir o homem e colocá-lo como senhor do planeta.

O bispo da Igreja Evangélica Luterana dos Estados Unidos (Elca, a sigla em inglês) presidiu os trabalhos do Conselho Central da FLM, reunido em Arusha, no norte da Tanzânia, de 25 a 30 de junho, sob o tema “Degelo da camada de neve do Kilimanjaro: atestado no meio da Criação sofredora”, a convite da Igreja Evangélica Luterana da Tanzânia (IELT).

O problema não reside apenas na poluição de ar, águas e o aquecimento global. Ele está, muito antes, “na blasfêmia espiritual” de tratar a boa Criação de Deus como se ela fosse uma selva inimiga, um deserto abandonado, uma lixeira, um depósito de recursos naturais, “que usamos para os nossos próprios interesses, ao invés de ouvir Deus e cuidá-la e preservá-la”, agregou Hanson.

Ele está convencido de que a FLM sozinha não conseguirá reverter o aquecimento global e o degelo da capa de neve do Kilimanjaro, mas junto com outros organismos “temos a força de iniciar movimento para estancar a crise ecológica mundial, que hoje derrete o gelo e seca fontes de água”. O engajamento é possível na esfera pessoal, local e nacional. “Nós não somos impotentes”, destacou Hanson, que criticou a “arrogância” do governo dos Estados Unidos de se negar a assinar acordos sobre emissões de gases.

No relatório apresentado ao Conselho, o secretário-geral da FLM, pastor Ishmael Noko, destacou que uma das tarefas centrais do organismo ecumênico é de estar muito atento aos motivos da crise de alimentos verificada hoje no planeta, e aos seus efeitos, de modo especial sobre os pobres, na busca de soluções.

A crise alimentar, afirmou Noko, não é fato isolado, mas o resultado de uma conjugação de fatores, como a alteração climática, a carência de recursos hídricos, o crescimento populacional,a falta de investimentos na agricultura local e uma injusta política comercial. Ele lembrou a propriedade do tema da 11a Assembléia Geral da FLM – “O pão nosso nos dá hoje”- que terá lugar em Stuttgart, Alemanha, em 2010.

O secretário-geral destacou que o tema do Conselho reunido em Arusha é um convite para ouvir os gemidos da Criação de Deus. A maior montanha do continente africano expressa isso de uma maneira dolorosa. “O Kilimanjaro chora por uma África saudável e por um meio ambiente saudável” desse continente, que, a exemplo de outras regiões do planeta, assiste o ressecamento de rios e a extinção de espécies.

Tem alguma coisa errada quando produtores são incentivados a usar a terra para o plantio de culturas que não são comestíveis, como o cultivo de flores para a exportação, quando seus países precisam importar alimentos, comparou Noko segundo o serviço de imprensa da FLM.

Na reunião de Arusha, Noko informou que deixará o cargo de secretário-geral da FLM em 31 de outubro próximo, mas ficará a disposição para que ocorra uma tranqüila transição. Noko é pastor da Igreja Evangélica Luterana do Zimbabwe e foi eleito para a secretaria geral da FLM em 1994, e chamado para um segundo mandato em 2004.

O tesoureiro da FLM, Peter Stoll, anunciou ao Conselho um superávit de 1,2 milhão de dólares nas contas administrativas internas do organismo ecumênico em 2006 e de 2,2 milhões de dólares em 2007, resultado de câmbios favoráveis. No total, o orçamento da FLM em 2007 foi de 100,2 milhões de dólares, 10,6 milhões a mais do recolhido em 2006. O resultado positivo deve-se às igrejas da Alemanha, que melhoraram sua situação econômica-financeira nos últimos dois anos.

A FLM é uma comunhão de 141 igrejas luteranas, que congregam 68,3 milhões de fiéis, em 78 países. Integram o Conselho do organismo ecumênico 49 representantes, leigos e religiosos, das igrejas dos cinco continentes. Ele se reúne de 12 a 18 meses, entre o período das assembléias gerais, organizadas a cada sete anos. A Igreja luterana da Tanzânia é a segunda maior denominação africana filiada à FLM, com 4,6 milhões de membros, presidida pelo bispo Alex G. Malasusa.

Fonte: ALC

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