A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, afirmou nesta quarta-feira que “não há razão para mudar” a visão de seu país da história após o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, apontar uma responsabilidade palestina no Holocausto.

Na entrevista coletiva conjunta após seu encontro com Netanyahu em Berlim, Merkel afirmou que a Alemanha está convencida da “responsabilidade” do nacional-socialismo de Adolf Hitler no extermínio de seis milhões de judeus.

“Por isso não vemos nenhuma razão para mudar nossa visão sobre a história e, especialmente, sobre esta questão”, ressaltou.

[img align=left width=300]http://www.brasil247.com/images/cache/1000×357/crop/images%7Ccms-image-000361501.jpg[/img]Segundo a chanceler, será preciso explicar “várias vezes às gerações futuras”, por exemplo, nas escolas, sobre a responsabilidade alemã no genocídio judeu.

[b]Netanyahu é criticado por dizer que Holocausto foi ideia palestina[/b]

Toda a polêmica começou quando o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, foi acusado nesta quarta-feira (21) de deturpar a história, depois de ter declarado que o mufti de Jerusalém deu a Hitler a ideia de exterminar os judeus da Europa, em 1941.

Em um discurso pronunciado na terça-feira no Congresso sionista em Jerusalém, Netanyahu se referiu ao encontro de novembro de 1941, na Alemanha, entre Adolf Hitler e o então grande mufti de Jerusalém Haj Amin al-Husseini, alto dirigente muçulmano na Palestina, que estava sob mandato britânico.

“Naquele momento, Hitler não queria exterminar os judeus, queria expulsar os judeus. Então Haj Amin al-Husseini foi encontrar Hitler e disse: ‘Se expulsá-los, todos virão para cá'”, declarou Netanyahu.

“‘Então, o que devo fazer com eles?’, perguntou (Hitler). Ele respondeu: ‘Queime'”, completou o primeiro-ministro.

Netanyahu mencionou Husseini para rebater as acusações de que Israel tenta destruir ou assumir o controle da Esplanada das Mesquitas de Jerusalém. A questão tem um papel crucial na atual onda de violência entre israelenses e palestinos.

As palavras de Netanyahu provocaram muitas críticas.

“O filho de um historiador deve ser preciso quando se trata de história”, escreveu no Facebook o líder da oposição trabalhista Isaac Herzog, em referência ao pai do primeiro-ministro, Benzion Netanyahu, especialista na história judaica, que faleceu em 2012.

Herzog classificou as palavras de Netanyahu de “perigosa deformação histórica (…) que minimiza a Shoah, os nazistas e a participação de Adolf Hitler na terrível tragédia que nosso povo sofreu durante a Shoah”.

O negociador palestino Saeb Erakat lamentou que o “chefe de Governo israelense odeie tanto seu vizinho (palestino) a ponto de estar disposto a absolver o mais notório criminoso de guerra da história, Adolf Hitler, do assassinato de seis milhões de judeus durante o Holocausto”.

Dina Porat, principal historiadora do Yad Vashem, a instituição que administra a memória da Shoah em Jerusalém, chamou de inexatas as declarações de Netanyahu.

“Embora tivesse posições anti-judaicas muito extremas, não foi o mufti que deu a Hitler a ideia de exterminar os judeus”, afirmou à AFP.

“A ideia precede em muito o encontro de novembro de 1941. Em um discurso no Reichstag em 30 de janeiro de 1939, Hitler mencionou ‘um extermínio da raça judaica'”, explicou.

Husseini, refugiado na Alemanha em 1941, pediu a Hitler seu apoio para a independência da Palestina e dos países árabes e para impedir a criação de um lar para os judeus. O Estado de Israel foi proclamado em 1948.

[b]Fonte: AFP e EFE via UOL[/b]

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