Nos Estados Unidos, ateus, humanistas, céticos e não religiosos em geral perceberam que só a retórica não basta e estão se organizando politicamente de modo a dar mais força às suas reivindicações, como a da não ingerência de líderes religiosos no Estado.

O sociólogo Ryan Cragun, da Universidade de Tampa (Flórida), disse que isso demonstra que os não teístas estão se amadurecendo como movimento.

De fato, a militância ateísta americana tem se mobilizado ultimamente como nunca acontecera. Alguns exemplos: em março de 2011, um grupo de céticos criou o Partido Nacional Ateu, a Iluminai (uma organização sem fins lucrativos) anunciou que vai apoiar ateus que resolverem se candidatarem a cargos públicos, o cético e democrata Cecil Bothwell (da Carolina do Norte) vai tentar obter uma cadeira no Congresso e recentemente cerca de 10 mil pessoas se reuniram em Washington para pedir obediência à Constituição no que se refere ao Estado laico, entre outros pontos.

Destaca-se, ainda, que a a Coalizão Secular para América (SCA, na sigla em inglês), uma congregação de 14 grupos não teístas e humanistas, decidiu ter representações em 18 Estados, com planos de se expandir mais nos próximos anos.

Na avaliação dos dirigentes da SCA, a defesa das causas seculares tem de ser feita não só na capital do país, em Washington, mas também no âmbito estadual e municipal.

A erosão da separação entre Estado e Igreja e suas consequências ocorrem no varejo, disse Serah Blain, diretora da SCA no Arizona. “O desrespeito ao Estado laico se dá nas escolas municipais e nas assembleias legislativas.”

A Coalizão Secular, para administrar essa sua nova fase, contratou Edwina Rogers como diretora executiva, o que tem causado desconforto entre ateus porque ela por 20 anos trabalhou para governos republicanos, incluindo o de George W. Bush, e para senadores de direita, e esse pessoal, como se sabe, nunca teve o Estado laico como prioridade.

A não teísta Edwina tem afirmado que não há motivo para preocupação porque ela, como profissional, vai fazer o que precisa ser feito da melhor maneira possível.

Para Herb Silverman, presidente da SCA, o que parece desabonar Edwina para o cargo é, na verdade, seu trunfo, porque ela poderá aproveitar o seu relacionamento com os republicanos para tentar diminuir a resistência aos ateus em relação ao segmento mais conservador da sociedade.

Independentemente do desempenho que Edwina venha a ter, só o fato de uma profissional com o histórico dela ter sido contratada pela mais importante entidade secular americana confirma que o jogo político acaba de ganhar novos integrantes — os ateus e humanistas.

[b]Fonte: Paulopes[/b]

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