Na biografia ‘Rezem por ele’, jornalista argentino mostra trajetória de Francisco e revela como ele vai enfrentar desafios.

Na sua primeira aparição pública, na Praça de São Pedro, em março, papa Francisco pediu: “rezem por mim”. Seguindo esse mote, o jornalista investigativo argentino Marcelo Larraquy lançou uma biografia de Jorge Mario Bergoglio que mostra sua vida durante os anos de chumbo na Argentina e seu estilo de fazer política. Rezem por ele aponta o que o Vaticano pode esperar do papa eleito neste ano.

Larraquy, que na década passada publicou as biografias da presidente Isabelita Perón e do ministro-astrólogo José López Rega, disse ao Estado que o cardeal estava preparando-se para o fim de carreira quando transformou-se em Francisco. Bergoglio havia pedido demissão como cardeal aos 75 anos e estava esperando a autorização do Vaticano.

“Estava preparando um quarto do Lar Sacerdotal, na Rua Condarco, no bairro de Flores (em Buenos Aires), onde moram outros 30 clérigos anciãos”, revela Larraquy. “Mas, de repente, teve de ir a Roma com a renúncia do papa Bento XVI. E, quando já não esperava coisa alguma no futuro de sua vida eclesiástica, os cardeais o elegem papa.”

Para Larraquy, a eleição de Francisco foi uma das ressurreições de Bergoglio. “Outra ocorreu nos anos 1980, quando a ordem jesuítica abandonou Bergoglio por causa de velhas divergências entre setores internos da Companhia de Jesus. Ele só foi resgatado de seu ostracismo na Província de Córdoba anos depois, quando o cardeal de Buenos Aires, Antonio Quarracino, o chama para trabalhar com ele.”

[b]Governo[/b]

Agora, no que a Igreja Católica chama de “trono de São Pedro”, Bergoglio sabe que, aos 76 anos, não tem muito tempo. “Precisa governar de forma vertiginosa, pois é necessário remover a Igreja de dentro do Vaticano e levá-la à periferia”, afirma o biógrafo. “Bergoglio é um homem que toma riscos. Não tomava riscos nos anos 1970. Mas agora, sim.”

Mas o jornalista lembra que Francisco tem várias frentes simultâneas de batalha. E, por isso, Bergoglio usa uma estratégia específica.

“O papa, desde que era cardeal em Buenos Aires, tem uma estratégia de erosão gradual de todos seus inimigos. Não faz ataques frontais nunca. Ele faz uma política de desgaste com seus inimigos. No fundo, é um político ‘florentino’. E, quando toma uma decisão, ninguém o desvia de seu rumo.”

[b]Fonte: Estadão[/b]

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