O livro “O Bispo – A História Revelada de Edir Macedo”, traz a versão do bispo sobre as polêmicas que marcaram sua vida. E não foram poucas: acusações de estelionato, charlatanismo, prisão em 1992, Igreja Católica, compra da Record, briga com a Rede Globo, ligações com presidentes da República, chute na santa, corrupção de dissidentes da Universal e desafetos.

Com uma tiragem inicial de 700 mil exemplares, duas vezes mais que Paulo Coelho, a biografia de Edir Macedo, escrito pelo diretor de jornalismo da Record, Douglas Tavolaro, e pela repórter do Jornal da Record Christina Lemos, rompe um silêncio de 12 anos do líder da Igreja Universal do Reino de Deus.

Foram 40 horas de conversa com Edir Macedo, 149 entrevistados em 13 cidades de sete países diferentes, como África do Sul, Argentina, EUA e Equador. Ao longo dos últimos 14 meses, Tavolaro e Christina coletaram curiosidades sobre a intimidade do bispo, como sua vida pessoal, seus momentos de desespero, detalhes do funcionamento de sua organização religiosa, fundada por ele nos anos 70 e que agrega 10 milhões de fiéis, e sobre como ele comprou a TV Record.

Tavolaro, que dirige o jornalismo da Record desde 2004, admitiu que escrever a obra foi um misto de entusiasmo e preocupação. “Entusiasmo por saber que estávamos diante daqueles momentos em que a vida reserva uma única chance. E preocupação pelo peso do que nos foi proposto: contar a vida do homem que criou a Igreja Universal do Reino de Deus, liderou um processo de crescimento religioso sem paralelos na história do Brasil e construiu um império de comunicação”, disse. Além dessas proezas, Macedo é proprietário da rede que paga o salário dos autores.

A formação do “império de comunicação” é retratada no livro como uma “transação ousada”, nas palavras do próprio criador. Em um trecho divulgado pela revista Veja, Macedo diz que o negócio foi o maior da história do País até então. “As cifras assustaram especialistas do mercado. Não era comum uma empresa de rádio e televisão ser vendida por aquele valor no Brasil. No total, Edir Macedo assumiu uma dívida de US$ 45 milhões ao adquirir a Record. Da quantia acertada, 14 milhões deveriam ser depositados logo no início. O restante, 31 milhões, seria pago à família Machado de Carvalho e a Silvio Santos ao longo de dois anos.”

Dezoito anos depois, na inauguração da Record News, no último dia 27 de setembro, a Globo sentiu o tamanho do problema que tem a enfrentar com ameaça do “império” de Macedo. No evento de inauguração do canal gratuito de noticias 24 horas no ar, Edir Macedo deixou claro que o lançamento faz parte de uma estratégia para corrigir “uma injustiça” (a forma como a Globo manipulou a prisão de Edir Macedo, 15 anos atrás) e acabar com um monopólio.

Império Universal

“O Bispo – A História Revelada de Edir Macedo” (R$ 39,90), da editora Larousse do Brasil, revela em suas 276 páginas o império construído pelo líder da Universal. São 4.748 templos e 9.660 pastores, além de um complexo econômico que inclui construtoras, seguradoras, uma empresa de táxi aéreo, agências de turismo e consultorias, de acordo com a revista Veja. Hoje, a igreja opera em 172 países (o McDonald’s, a maior rede de fast-food do mundo, está em 118).

A grandiosidade dos números e o alcance das polêmicas que cercam a vida de Edir Macedo despertam admiração e repugnância em fiéis e não fiéis. Na página de relacionamentos na internet Orkut, diversas comunidades foram formadas de pessoas que “amam” e “odeiam” o bispo. Em uma delas, formada por 3.350 simpatizantes, os participantes questionam “Você já sofreu por admirar o bispo Macedo?”. O sofrimento apontado pelo internauta diz respeito, principalmente, às críticas que o bispo recebeu quando um dos pastores da Universal chutou uma imagem de santa.

No livro, segundo trechos divulgados pela revista Veja, Edir Macedo faz mea-culpa. “- Na hora soube que foi um erro… Nosso maior erro. (…) O Sérgio criou um problema na igreja. Atrasou nosso trabalho em dez anos. Ficamos parados no tempo por causa daquele chute. Atrapalhou a igreja, atrapalhou todos os nossos projetos. Nós estaríamos lá na frente, poderíamos ter ajudado muito mais gente se não fosse aquele ato impensado.”

Fonte: Último Segundo

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