Bispo emérito de San Pedro, região mais pobre do Paraguai, o monsenhor Fernando Lugo, 55, deve anunciar na terça-feira sua candidatura à Presidência do país.

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Favorito nas últimas pesquisas de intenção de voto, Lugo ameaça a longa hegemonia do Partido Colorado, desde 1947 no poder.

Lugo é conhecido por seu trabalho em favor de indígenas e camponeses do interior do Paraguai. Membro da oposicionista Concertação, criada em agosto, e que reúne partidos e organizações de esquerda, centrais sindicais e líderes indígenas, ele fundou o movimento Tekojoja, que quer dizer igualdade em guarani.

Em relação ao Brasil, Lugo também traz novidades. Ele critica duramente o tratado entre os dois países que construiu a usina hidrelétrica de Itaipu.

Para ele, o tratado de 1973 é desfavorável ao Paraguai – e ele deve pedir mais pela energia que é “vendida” ao Brasil, do excedente que não é consumido em seu país.

Os jornais paraguaios afirmam que Lugo entregou seu pedido de renúncia à vida religiosa ao Vaticano na quinta-feira de manhã, quando se encontrou com o núncio apostólico de Assunção. Mas o bispo se nega a fazer declarações e cancelou uma entrevista coletiva que daria ontem.

Fontes ouvidas pela Folha afirmam que ele estaria já armando uma equipe e afinando um discurso, antes de falar com a imprensa e apresentar oficialmente a candidatura.

Lugo também espera uma resposta rápida do Vaticano – pelas leis eclesiásticas, ele precisa esperar essa liberação para não ser punido pelo Vaticano.

Em março, o religioso promoveu uma passeata para protestar contra uma emenda constitucional que permita a reeleição, projeto do atual presidente Nicanor Duarte Frutos. Ele conseguiu reunir 40 mil pessoas, uma multidão para Assunção, que tem 500 mil habitantes.

Projeto de reeleição

O presidente paraguaio deu as “boas-vindas”, ironicamente, ao seu adversário. “Há tempos eu disse ao monsenhor que abandonasse a batina e se lançasse à arena política, porque é de mau gosto que se faça política no púlpito”, declarou Duarte Frutos.

Nos últimos dias, ele tem despistado sobre suas reais intenções, dizendo que se candidatará ao Senado. Mas no Paraguai acredita-se que ele quer a reeleição de qualquer jeito.

Além do presidente e do bispo, outros dois nomes que querem disputar a sucessão de Duarte Frutos, em 2008, são o atual vice-presidente, Luis Castiglione, e o neto do ex-ditador Alfredo Stroessner, Goli Stroessner.

Também do Partido Colorado, Stroessner lidera uma facção interna que faz oposição ao presidente, e deve anunciar sua candidatura em março.

Defensor do legado do avô, ele aproveitou para criticar o bispo que quer governar o país. “Há um perigoso movimento populista que lidera um bispo da nossa Igreja, disposto a deixar a missão sagrada para buscar um cargo político”, afirmou na noite de quinta-feira.

“Precisamos ter cuidado com movimentos que reivindicam doutrinas hoje superadas em todo o mundo. Não permitamos que nosso Paraguai se transforme em terreno fértil de falsos profetas, nem de falsos pastores”, afirmou.

Fonte: Folha de São Paulo

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