Um tribunal alemão condenou nesta sexta-feira o bispo católico integrista Richard Williamson a uma multa de 10.000 euros (13.500 dólares) por negar o Holocausto nazista.

O tribunal de Ratisbona (sul da Alemanha) condenou o bispo à revelia por incitação ao ódio racial por causa das declarações que fez a um canal de TV sueco em janeiro de 2009.

O religioso afirmou nessa entrevista que “de 200.000 a 300.000 judeus morreram nos campos de concentração, mas nenhum nas câmaras de gás”, negando o massacre de seis milhões de judeus pela Alemanha nazista durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945)

“Acredito que as câmaras de gás não existiram. Acho que de 200.000 a 300.000 judeus morreram nos campos de concentração nazistas, mas não dessa forma. Não acredito que seis milhões de judeus tenham sido mortos com gás”.

A audiência ante o tribunal aconteceu na ausência do acusado, a quem sua comunidade religiosa proibiu de testemunhar, segundo explicou o advogado do bispo.

Condenado inicialmente a pagar uma multa de 12.000 euros, o bispo, que afirmou, por intermédio de seu advogado, que suas afirmações deveriam ter sido ouvidas apenas na Suécia, havia se recusado a pagar e foi alvo então de um processo.

A juíza Karin Frahm considerou que o bispo era culpado porque se manifestou em solo alemão, e porque “podia prever que suas afirmações causariam escândalo” e seriam amplamente divulgadas pela imprensa.

O advogado do Monsenhor Williamson, Matthias Lossmann, reconheceu que as declarações do bispo eram “inadmissíveis”.

Mas argumentou que o bispo não poderia ser considerado responsável pelo fato de suas afirmações, feitas a uma rede de televisão sueca, terem sido divulgadas na Alemanha.

“Dadas as circunstâncias, se eu não estivesse convencido de que a entrevista seria divulgada apenas pela televisão sueca, jamais teria aceitado essa difusão”, afirmou o Monsenhor Williamson, citado por seu advogado diante do tribunal.

As declarações de Williamson geraram comoção em todo o mundo, principalmente por terem sido divulgadas pouco depois de o Papa Bento XVI, de nacionalidade alemã, suspender a excomunhão de quatro bispos da tradicionalista Fraternidade São Pio X, entre eles a do acusado.

Até a chanceler Angela Merkel pediu publicamente que o Papa condenasse o bispo.

Bento XVI expressou sua “plena e indiscutível solidariedade” com os judeus e condenou a negação da Shoah, sem, entretanto, voltar atrás sobre a reintegração do bispo integrista.

O Vaticano pediu ao Monsenhor Williamson que “deixe claro, sem equívoco e publicamente, o seu distanciamento” em relação as suas declarações sobre a Shoah antes de ser admitido em suas funções episcopais.

Por essas mesmas declarações, Williamson foi obrigado, em fevereiro de 2009, a deixar a Argentina, onde residia desde 2003. O bispo mora atualmente em Londres.

Fonte: AFP

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