Os bispos holandeses destruíram informações reveladoras sobre os casos de abuso sexual na igreja católica.

A ação se relaciona de maneira direta com um informe enviado em setembro pelo historiador Eric Thelossen à comissão Deetman, constituída para investigar as denúncias sobre abuso sexual na igreja católica. O historiador de Nijmegen, que até agora não recebeu nenhum comentário por parte da comissão, realizou uma pesquisa no arquivo da diocese durante a década de noventa. O informe se encontra atualmente nas mãos da Rádio Nederland e do jornal holandês NRC Handelsblad.

[b]Arquivos secretos
[/b]Do informe de Thelossen, entende-se que o então bispo de Den Bosh, Jan Uit, já havia destruído os documentos relacionados com os abusos sexuais nos anos 70. Os documentos faziam parte de um arquivo compilado pelo antecessor de Bluyssens, monsenhor Wilhelmus Marinus Bekkers. Um arquivo similar sobre sacerdotes questionados foi conservado em sigilo durante os anos noventa em Den Bosh. Este arquivo, criado durante o mandato do bispo Jan ter Schure, também foi destruído.

Tanto monsenhor Bluyssen (84) como o então arquivista da diocese, Jan Peijnenburg (75), confirmaram ao NRC Handelsblad a destruição dos antecedentes. Por esta razão a comissão não encontrará nenhuma informação relevante sobre os sacerdotes questionados nos arquivos da igreja católica holandesa, afirma Peijnenburg. “A comissão pode vir quando queira, mas não encontrará nada. No arquivo também não há nada”.

[b]Jogados ao lixo
[/b]Monsenhor Bluyssen confirma haver jogado no lixo o expediente secreto de seu antecessor. “Tudo já havia passado, os assuntos já estavam encerrados. Não pensei então que voltaria a haver perguntas. Havia muito pouco que poderia ser de interesse, motivo pelo qual me pareceu que também poderia ser jogado fora.”

Bluyssen não quer tratar do assunto com a comissão Deetman. “Não vou me submeter a uma investigação. Até porque sei muito pouco”.

[b]Mais arquivos
[/b]Para o historiador eclesiástico Peter Nissen, da Universidade Radboud, de Nijmegen, “é chocante que se admita que sistematicamente se destruam antecedentes dessa importância”. Não restam dúvidas a Nissen de que “outros arquivos tiveram a mesma sorte”.

[b]Reações da comissão Deetman
[/b]A comissão Deetman “lamenta” que Thelossen não havia recebido nenhuma reação sobre seu informe. Também afirma que respondeu tardiamente ao historiador e que “incluirá o informe em sua investigação”.

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