Os países mais ricos do mundo não estão cumprindo as promessas que fizeram para a África há um ano, de fornecer as drogas do coquetel contra a Aids, expandir o comércio e aumentar a assistência ao continente, disse o cantor e ativista Bono, líder do U2.

Bono Vox, líder da banda U2Bono e o músico irlandês Bob Geldof estão engajados numa campanha global para obter mais ajuda para a África. No ano passado, eles organizaram shows Live 8 em todo o mundo para pressionar o Grupo dos Oito (G8), que reúne as principais nações industrializadas do planeta, a combater a pobreza.

“Eles começaram a escalar um Everest, mas no ano passado se perderam no campo base”, disse Bono à Reuters numa entrevista depois da divulgação de um relatório sobre os progressos na área, elaborado pelo grupo Data (Dívida, Aids, Comércio na África).

“Gosto de pensar que o relatório do Data é uma espécie de GPS para que voltemos para o caminho certo e escalemos a montanha”, disse Bono, que formou o Data junto com Geldof.

O relatório disse que os países ricos cumpriram a promessa de cancelar as dívidas de 19 países pobres, a maioria da África, e que ainda há 44 países candidatos ao perdão através de programas do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial.

“No geral, houve um aplauso para a dívida, meio aplauso para a Aids e vaias e assobios para o que está acontecendo no comércio”, disse Bono.

O documento afirmou que o perdão do pagamento das dívidas de Camarões, Moçambique, Tanzânia, Uganda e Zâmbia já se traduziu em mais investimentos em educação, saúde e no combate ao HIV/Aids.

Mesmo assim, o texto afirma que é preciso fazer muito mais para garantir o acesso ao coquetel anti-Aids. O financiamento global do combate ao HIV/Aids cresceu de 300 milhões de dólares ao ano, no fim dos anos 1990, para 8,3 bilhões de dólares em 2005. Na África, o número de pessoas com acesso ao tratamento subiu de 100 mil em 2003 para 800 mil no ano passado.

O Data disse, porém, que os doadores estão gastando metade da quantia necessária para atingir a meta de levar o tratamento a pelo menos 4 milhões de africanos até 2010.

O relatório elogiou os Estados Unidos por ser o maior doador para programas de combate ao HIV/Aids na África, e a Grã-Bretanha e a França por suas contribuições para o Fundo Global de Combate à Aids, à Tuberculose e à Malária, organização com sede em Genebra.

Canadá, Itália, Japão e Alemanha foram repreendidos pelo documento.

O relatório também criticou o G8 pela falta de progressos no pacto global para o comércio, da rodada de Doha, que poderia abrir os mercados para os produtos africanos. Para o Data, falta aos países ricos ambição, senso de urgência e dedicação para ajudar a África através do pacto comercial.

Segundo o texto, dos países do G8, apenas a França está no caminho certo para cumprir a promessa de dobrar a ajuda à África até 2010.

Para honrar seus compromissos, os países ricos deveriam ter elevado a ajuda em 3,6 bilhões de dólares no ano passado, mas a quantia chegou a apenas 1,6 bilhões.

Os países do G8 teriam de aumentar os gastos para 4 bilhões de dólares em 2006 para cumprir a meta, disse o relatório.

Fonte: Reuters

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