A abstinência sexual, a pureza emocional e sexual fazem parte da mensagem desses grupos de jovens, que crescem pelo país e já chamam a atenção da mídia não cristã.

Milhares de jovens têm se reunido em vários pontos do Brasil para discutir um assunto que interessa a todo mundo: sexo. Mas não da maneira como a maioria das pessoas está acostumada. No último dia 1º de maio, feriado do Dia do Trabalhador, mais de 1,5 mil deles encontraram-se em Manaus (AM). Apesar do preço do ingresso, de 15 reais, cerca de 500 pessoas tiveram de ser dispensadas por excesso de lotação. O agito chamou a atenção da imprensa, inclusive do portal G1.
E olha que não era balada, não era rave, não era farra – a moçada se reuniu no templo da Assembleia de Deus de Madureira para celebrar algo meio impensável nos dias de hoje: a pureza sexual.

Organizado pela Missão Confins da Terra, o encontro atraiu evangélicos e também católicos, além de gente que não está muito ligada em religião mas sentiu-se interessada pelo tema. A idealizadora do movimento é a jovem Marjorie Bindá Leite, de 22 anos, estudante de Engenharia que, por opção pessoal, nunca namorou, nem beijou na boca. Acredite – ela tem esperado o que chama de “tempo de Deus” para o namoro, o casamento e, por consequência, o sexo. “Entendo a necessidade de esse assunto ser abordado em igrejas e instituições sociais, defendendo a família, que começa nos relacionamentos. Por esta razão, a escolha da pessoa com quem iremos casar é muito importante e merece atenção e orientação”, advoga. Na raiz de compromisso tão radical está a fé em Deus e o desejo de viver em santidade nessa delicada área da vida.

O seminário reuniu os líderes dos movimentos Eu Escolhi Esperar e Entre Príncipes e Princesas. Este último agrega mais de 2 mil adeptos na Região Norte, todos com a mesma intenção: permanecer castos até o casamento. Já o movimento Eu Escolhi Esperar nasceu em Vitória (ES). Idealizado pelos pastores Nelson Junior e Victor Vieira, o grupo promove os valores do Reino de Deus para a família e a construção de relacionamentos em pureza e santidade.

A dupla criou também a Rede Mobilizando o Brasil (MOB). A história do próprio Nelson foi o ponto de partida. “Desde muito cedo, já com 11 anos de idade, estava determinado a me guardar para o casamento”, conta. O primeiro e único namoro começou aos 18 anos. Durante três anos, ele e Ângela Cristina, hoje sua mulher, mantiveram o firme propósito de levar a virgindade para o altar. “Através do meu testemunho, posso dizer que valeu a pena esperar. A sociedade prega liberdade sexual e as pessoas que optam por se guardar são vistas como infelizes, mas isso não é verdade. Queremos mostrar que aqueles que sabem lidar com a sua sexualidade não perdem nada, mesmo que estejam abrindo mão do sexo numa época em que o desejo está mais aflorado”, explica o pregador, casado há 14 anos e pai de duas meninas.

A abstinência sexual é o principal alvo da campanha, mas não o único. A pureza emocional e sexual, incluindo posicionamentos claros contra a pornografia, vícios sexuais e imoralidade, também fazem parte da mensagem desses grupos, que crescem pelo país e já chamam a atenção da mídia não cristã. A mobilização tem tido enorme repercussão nas redes sociais e alcança números expressivos de adeptos. Hoje, o twitter @escolhiesperar tem 150 mil seguidores. No Facebook, o movimento já é curtido por mais de um milhão de internautas – destes, 500 mil estão falando sobre o assunto.
“Queremos passar uma mensagem que tenha aplicação prática”, explica Victor Vieira. “A ideia é influenciar a sociedade. Nosso investimento acontece a longo prazo, visando tanto à construção de famílias fortes e saudáveis quanto à redução da prostituição e tantos outros efeitos da promiscuidade”, diz Nelson Junior. Ele realizou evento semelhante na Igreja Presbiteriana Renovada, em Aracaju (SE), com participação de mais de 1.200 jovens. Veio gente de Alagoas, Bahia e Pernambuco. Com a agenda lotada, o movimento já realizou sua primeira incursão pela América do Norte, com congressos em Nova York, Nova Jersey, Boston e Flórida. “Também recebemos o convite de uma igreja de Goiânia para um tour no mês de agosto, em países onde eles mantêm igrejas: Irlanda, Inglaterra, Espanha e Portugual”, enumera o pastor, que estuda ainda a realização de eventos do gênero na América do Sul, África, Ásia e Oceania.

[b]COMPROMISSO PÚBLICO
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A defesa da castidade pré-conjugal, uma antiga bandeira evangélica já bastante esfarrapada pelo tempo, é polêmica certa. É que as duas últimas gerações de crentes já incorporaram ao vocabulário termos como ficar e pegar. “Isso acontece porque o discurso evangélico, antes contundente na reprovação à fornicação e à irresponsabilidade na área do sexo, anda muito diluído, e até mesmo ausente de muitos púlpitos”, aponta o pastor Jaime Kemp, cujo ministério é voltado à família cristã e ao aconselhamento. Ele organizou uma ampla pesquisa, alguns anos atrás, sobre o sexo entre os jovens evangélicos, segundo a qual mais da metade – 52% – já tinha experiência sexual antes do casamento. Não há sinais de que esse número tenha diminuído, ainda mais porque a defesa da virgindade até o casamento tem sido deixada de lado por muitas lideranças, que preferem deixar quieto e só agir em último caso, diante de um escândalo como uma gravidez entre adolescentes da igreja. A mesma pesquisa mostrou que 17% das garotas crentes que já haviam transado engravidaram ao menos uma vez.

A novidade é que diversos movimentos e campanhas em favor da abstinência pré-conjugal têm encontrado mais apoio entre os jovens evangélicos. São iniciativas de pastores ou grupos cristãos que apregoam um tipo de comportamento que requer força de vontade, compromisso espiritual e responsabilidade, mas cujo preço, garantem os que o adotam, compensa o esforço. A estudante Lizzie Moretti, 23 anos, e seu namorado, Leandro Behr, 22, que trabalha como agente de orientação empresarial no Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), estão nessa onda. Quando começaram o namoro, há dois anos, fizeram um propósito: deixar o sexo para depois do casamento, na contramão da maioria dos jovens de sua idade. Mesmo namorando à distância – Lizzie é membro da 1ª Igreja Batista de Maringá (PR) e o rapaz congrega na Comunidade Cristã Reviver em Curitiba –, os dois têm mantido o voto na certeza de que é a escolha certa, apesar da avalanche de apelos sexuais por todos os lados e da pressão dos amigos que não seguem a mesma fé. “Sempre pedi a Deus uma pessoa que também tivesse esse desejo no coração”, diz Lizzie. “E, como o Senhor tem o melhor para aqueles que nele esperam, comigo não foi diferente. Tenho ao meu lado uma pessoa que busca viver em santidade”, revela, referindo-se a Leandro, que é seu primeiro namorado.

Ela cresceu ouvindo na igreja que o certo é esperar a pessoa que Deus lhe preparou e se guardar para o casamento, algo que adotou como princípio de vida. O namoro só começou depois de três meses de oração e da aprovação dos pais. Na faculdade de Odontologia, algumas amigas têm curiosidade de saber como é viver de forma tão diferente. Essa é a oportunidade de Lizzie falar sobre os valores que a norteiam. “Tento mostrar que crente não é careta”, diz. Ela quer provar, com seu exemplo, que Deus tem algo além daquilo que parece ser tão bom e que se guardar para a pessoa certa é a melhor escolha. “Além disso, poder se casar sem marcas do passado é a melhor recompensa da espera”, garante.

Viver em pureza sexual em um mundo pautado pela liberalidade comportamental é, no mínimo, um testemunho de vida com Cristo. E muita gente tem seguido esse caminho, por mais que o sexo sem compromisso, casual, esteja na moda, inclusive entre a turminha que frequenta a igreja. Nos Estados Unidos, o primeiro movimento do gênero começou em 1987, quando o ministério LifeWay lançou o True Love Waits (Quem ama espera), através do qual a decisão de se casar virgem era assumida publicamente pelos participantes, através da assinatura de um cartão de compromisso. Outra maneira de demonstrar a adesão à causa e que virou até objeto cult é o chamado anel de pureza, espécie de aliança que o jovem passava a usar como testemunho de que escolheu esperar a hora certa para o sexo.

Logo em seguida, no Brasil, a ideia foi acolhida pela Junta de Mocidade da Convenção Batista Brasileira. Nos anos 90, a entidade enviou às igrejas filiadas um programa do projeto para ser desenvolvido de acordo com a realidade local. O assunto foi tema do Congresso Despertar, e durante um bom tempo jovens crentes solteiros participaram de estudos bíblicos sobre a pureza e a abstinência sexual. Mais tarde, a iniciativa se descentralizou, semeando a ideia entre diversos outros grupos cristãos. “Quando a igreja olha para o jovem, só vê o pecado sexual. Nosso foco é pregar a integridade, o relacionamento com Deus”, destaca Gilciane Abreu, diretora-executiva da Juventude Batista Brasileira.

A campanha pela pureza nos moldes do Quem Ama Espera, ganhou, em 2008, a adesão da Igreja Renascer em Cristo. Direcionado aos solteiros e aos integrantes do grupo jovem da denominação, hoje chamado O2, o ministério levanta a bandeira de que sexo somente após o matrimônio é o plano de Deus e o início de um casamento feliz. O movimento ficou muito conhecido através do craque Kaká, guindado ao posto de paladino da castidade pré-conjugal. Membro da Renascer, na qual chegou a presbítero, o atleta fazia questão de deixar clara sua opção pela espera do momento certo para a primeira transa. Com isso, virou alvo de curiosidade e de uma nada disfarçada ironia por parte de colegas das quatro linhas e de setores da mídia. Contudo, sua posição firme em nome dos princípios que resolveu abraçar, mesmo vivendo e trabalhando em ambiente de tantos apelos e oportunidades, também granjeou muita simpatia e admiração. Kaká garante que manteve a virgindade até dezembro de 2005, quando se casou com a modelo Carol Celico, também evangélica. Hoje, o casal e seus dois filhos não estão mais na Renascer e vivem na Espanha, onde o atleta defende as cores do Real Madrid.

O pastor Daniel Tenuta, líder geral do O2, lembra que o sexo é uma relação de intimidade profunda, que envolve contato físico, e defende que só é válido quando há um compromisso entre os parceiros através do casamento. “Segundo a Palavra de Deus, quando fazemos sexo possuímos o parceiro. Assim, é como se um passasse a ser ‘dono’ do outro”, defende. “Sem casamento, não existe um acordo de fidelidade sobre isso. As pessoas passam a possuir umas às outras, sem responsabilidade”. De acordo com Tenuta, um comportamento libertino em relação ao sexo pode deixar marcas, como o desejo sexual incontrolado e a dificuldade em manter relacionamento apenas com uma pessoa. “Adultério, ciúmes doentios, traições conjugais, brigas e prejuízos à vida emocional são problemas que podem decorrer disso”, enumera. “A Bíblia diz, em Gálatas 6.7, que de Deus não se zomba; o que plantarmos, colheremos. Eis o princípio espiritual e simples para tudo”. Mas, para aqueles que consumaram o ato sexual antes do matrimônio, o pastor garante que há um caminho de restauração. “Mesmo assim, é possível construir uma família saudável e um casamento bem sucedido, com base na graça de Deus.”

[b]”TENTAÇÕES”
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Foi exatamente o que aconteceu com o pastor Junior Meireles, da Comunidade Vivo por Jesus, em Vargem Alegre (MG). Sua história é comum a muitos jovens nascidos em lares evangélicos: veio a adolescência e as tentações o desviaram da fé. “Lutei muito para permanecer puro, mas por um período fui escravo do sexo. Transava quase todos os dias com minha namorada e, não satisfeito, procurava outras mulheres. Se eu pudesse, faria tudo diferente. Arrependo-me por não ter casado virgem”, confessa. Devido à sua experiência, ele encontra legitimidade para falar aos jovens, hoje, sobre como evitar o que considera um erro. Em seu retorno à igreja, Junior começou a namorar a garota que se tornaria sua esposa. Nos primeiros seis meses, apenas buscaram do Senhor a confirmação daquele relacionamento. “Foi um tempo maravilhoso”, lembra. “Todos os sinais foram dados; os pais dela aceitaram, o pastor aceitou, minha mãe sentia paz e nós tínhamos convicção no nosso coração. Então, resolvemos namorar”. Junior percebeu, no entanto, que logo cairia se não tomasse uma atitude radical. “Não me continha nos beijos. Então, a escolha era parar de beijar ou terminar o namoro. Preferíamos perder um ao outro do que nos afastar da presença de Deus”. Então, o casal voltou a orar, interrompendo todo tipo de contato físico até o dia do casamento, um ano depois. “Aceitei bem a proposta de Cristo para o novo nascimento, pois estava decidido a não cometer os mesmos erros do passado. Foi como se eu tivesse tido uma segunda chance”, conta.

Sob a ótica de que o melhor para o crente é deixar o sexo para o momento certo, o pastor Junior criou o Namoro com Propósito (NCP), página no Facebook que visa a ensinar aos solteiros a maneira de ter um relacionamento de acordo com os princípios bíblicos. “Os jovens estão começando a se relacionar cada vez mais cedo, namorando apenas por namorar. A coisa fica sem um propósito cristão, bíblico, desprovida de compromisso ou respeito mútuo”, aponta. Segundo ele, existe um grupo grande de jovens cristãos que querem namorar sério, mas não sabem como fazer isso. “O NCP surgiu para orientá-los”. Ao longo desse tempo, o pastor percebeu que as cidades do interior do Brasil estavam carentes de informação nessa área. Seu ministério tem procurado fechar esta lacuna. “Acredito que a virgindade é uma forma de glorificar a Deus até o dia em que um homem e uma mulher deixam seus pais para assumir um compromisso abençoado pelo Senhor, unindo-se em uma só carne”, recita. “Tudo que esteja fora disso é pecado e rebeldia contra a vontade de Deus.”

Em suas palestras pelo Brasil, o pastor tem presenciado centenas de confissões de jovens crentes – inclusive ministros de louvor, pastores e líderes de mocidade – que relatam vida sexual ativa fora do casamento. “Uma coisa terrível que está acontecendo entre as meninas cristãs é a homossexualidade”, adverte. “Muitas garotas estão enveredando por esse caminho por causa da liberdade e empatia que têm umas com as outras. Por outro lado, muitos jovens cristãos estão praticando sexo oral e outras modalidades de relação achando que apenas a penetração vaginal é pecado. Eles não sabem o que fazer, e os pastores deveriam estar mais atentos quanto a isso.”

[b]MEDOS E MITOS
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Neste contexto, o diálogo entre pais e filhos é fundamental. A sexualidade não deve ser tratada como tabu: quanto mais clara a informação, menor será a curiosidade e mais fácil, lidar com os impulsos. A psicóloga e especialista em Sexualidade Humana pela Laureate International Universities – IBMR, Viviane Varial, diz que falar sobre sexo com os filhos é fundamental e necessário para o seu desenvolvimento. “Mais do que cumprir uma função fisiológica, a sexualidade na adolescência caracteriza-se por demarcar a fronteira entre a infância e a idade adulta, focalizando-se em uma validação da capacidade genital. O que podemos observar é que meninos e meninas, por motivos diversos, tornam-se sexualmente ativos num período da vida em que as dúvidas ainda não estão totalmente esclarecidas na mente deles”. Viviane explica que, através da orientação sexual, o indivíduo passa a refletir sobre seus valores, distinguindo o conceito de certo e errado diante do mundo em que vive, aprendendo a respeitar a individualidade e a opção sexual de cada um. “Ainda no século 21 existem muitas dúvidas, medos e mitos. Porém, virgem nada mais é do que alguém que ainda não teve uma relação sexual. É mais simples do que se imagina. É uma escolha íntima e pessoal, que precisa ser respeitada”.

O professor de música Felipe Eubank, 22 anos, membro do Ministério Pão da Vida, resolveu esperar e afirma que a decisão, compartilhada pela agora esposa, Ana Carolina, valeu à pena. Após um ano e quatro meses de namoro, o casal subiu ao altar em abril deste ano. Eles garantem que foi uma bênção. “A santidade é um princípio que o Senhor nos deixou. Não tivemos dúvida disso quando começamos a namorar, e agora colhemos os frutos disso no nosso casamento”, diz Felipe. Por sua posição, ele conta que foi e ainda é muitas vezes procurado por outros rapazes para aconselhamento. Houve, também, quem o tivesse ridicularizado, mas ele garante que nunca ligou para isso. “Obedecer a Deus é um princípio que não se negocia.”

Esperar o tempo do Senhor para desfrutar as delícias do sexo é a principal recomendação que a missionária e pastora Sarah Sheeva, 38 anos, dá às frequentadoras da Igreja Celular Internacional (ICI), que se reúne na badalada Copacabana, bairro boêmio da zona sul carioca. Nas poltronas, mulheres jovens, muitas com jeito de executivas, ouvem atentamente as pregações de Sheeva, filha primogênita dos cantores Pepeu Gomes e Baby do Brasil. Hoje separados, os dois artistas fizeram fama em todo o país com músicas de grande sucesso e suas posturas, digamos, inusitadas. Sarah e seus irmãos cresceram em meio às loucuras dos pais, que iam do visual excêntrico ao envolvimento com drogas e esoterismo. Mas Baby rompeu com tudo em 1999, quando anunciou sua conversão ao Evangelho, dois anos após a conversão de Sarah. O bom testemunho influenciou a irmã Nãna Shara a também seguir a Cristo.

Autora do livro Defraudação moral, Sarah realiza por todo o país congressos de santificação, nos quais fala, entre outros temas, sobre libertação e pureza sexual. Em sua pregação, a pastora diz às solteiras que elas não devem correr atrás de homem e explica as consequências de quem decide esperar por um relacionamento nos padrões bíblicos. “Quando você não ouve a direção do Senhor, pode se casar da maneira equivocada ou com a pessoa errada”, ensina. Segundo ela, a pessoa certa tem as qualidades que a pretendente deseja e os defeitos que é capaz de aguentar. Ela garante que tudo está escrito na Bíblia. “Nas Escrituras, não aparecem histórias de mulher procurando homem. Isso é coisa do mundo moderno; nos princípios bíblicos, quando a mulher é escolhida de Deus, nunca toma a iniciativa. O homem procura, a mulher espera”, pontifica.

O conselho de Sarah para aqueles que iniciam um relacionamento é o de manter-se em santidade, seguindo algumas regras. Primeiro, os pretendentes ao namoro devem permanecer em oração durante seis meses, apenas como amigos. Findo este período, a sugestão é de que o contato físico seja superficial – nada além de mãos dadas e um ou outro selinho, “para evitar cair em tentação”. “Quando a pessoa ama a Jesus, entende que foi comprada por alto preço e que precisa glorificar a Deus através do seu corpo. No entanto, se este princípio é quebrado, quando a pessoa faz sexo ou tem um relacionamento que vai além do superficial, ela está declarando que não precisa da bênção de Deus e, assim, que abre mão de sua proteção”. Pelo menos uma vez por mês, Sarah Sheeva realiza o chamado culto das princesas, paralelamente ao culto dos príncipes, liderado por seu cunhado Claudio Brinco. Criado em 2011, esse tipo de reunião é uma campanha interdenominacional para mulheres e homens solteiros, que acontece na ICI de Copacabana e também em igrejas que já tenham participado dos seminários de santificação. No evento, muitas palavras de ordem e expressões de fé são repetidas, sempre defendendo que o crente em Jesus deve ter um compromisso com a pureza e restringir o sexo aos sagrados limites do matrimônio.

O universitário Matheus Mojon, de 21 anos, admite que vive “bombardeado” pela sociedade quando o assunto é sexo. Evangélico, ele e a namorada, Juliana, 20, conversaram sobre o assunto e chegaram à conclusão de que o melhor é deixar a vida sexual para quando se casarem. “Apesar do pensamento dominante que banaliza o sexo, essa escolha vai muito além do medo de ir para o inferno ou do receio acerca do que os membros da igreja possam pensar”, diz, convicto. O jovem admite as dificuldades de se manter nessa posição – “Não sou hipócrita, é uma situação que vai de cada um”, frisa –, mas entende que não deve haver conformismo com o pecado. Quando entrou para a faculdade, ele teve de deixar clara sua posição diante de uma brincadeira mais picante feita pelos veteranos com os calouros. “Um deles até veio me pedir desculpas, depois”, conta. Para Matheus, a decisão pela castidade glorifica a Deus. “É um voto que fizemos para agradá-lo.”

[b]Fonte: Site da Revista Cristianismo Hoje[/b]

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