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Charles Darwin tinha já 71 anos quando enviou uma carta de três linhas para um advogado inglês. Cercou-se de precauções ao fazê-lo. No envelope, escreveu que aquele era um conteúdo privado, a ser lido somente pelo destinatário.

Aquela altura, Darwin era um naturalista de renome: 21 anos antes, lançara A Origem das Espécies, obra em que defendia que os seres-vivos evoluíam por meio da seleção natural e da variabilidade genética – e não por obra de desejos divinos. Na carta, ele finalmente respondia uma pergunta que vinham lhe fazendo desde então: “Eu não acredito na Bíblia como uma revelação divina”, escreveu. “E, portanto, também não acredito em Jesus como o filho de Deus”. Essas poucas linhas são valiosas. Vão, agora, a leilão em Nova York. Seu valor deve girar entre US$70 mil e US$90 mil.

Darwin escreveu a carta como resposta a um advogado identificado como FA McDermott, conta o jornal britânico The Guardian. Ele próprio tinha procurado o cientista porque se sentia um tanto atormentado. Ele gostava de ler os livros de Darwin, mas sentia que precisava preservar sua “fé no Novo testamento” depois da leitura. Como a visão científica entrava em embate com a religiosa, McDermontt decidiu ser direto: “Escrevo porque quero que o senhor me responda sim ou não à pergunta: ‘O senhor acredita no Novo Testamento’?”. Darwin não acreditava.

As três linhas da resposta são valiosas porque Darwin, durante toda a vida, foi cauteloso em relação a suas opiniões religiosas. Ele era casado com uma mulher muito religiosa, e queria poupar a família de um escândalo. Ao longo dos anos, escreveu muitas cartas. A maioria mais longa. Em nenhuma delas admite que não acredita em Deus. “Se você coleciona itens relacionados a Darwin, essa carta é o item mais precioso. Ela está no cerne de todo o debate”, disse Cassandra Hatton, especialista do departamento de livros da Bonhams, a casa que leiloa a carta.

Não era a primeira vez que faziam essa pergunta a Darwin, mas foi a primeira vez em que ele deu uma resposta clara. O The Guardian acha que o naturalista devia estar cansado de tanto interrogatório. De todo modo, McDermott prometeu não divulgar o conteúdo da missiva – e cumpriu sua promessa. A carta veio a público somente 100 anos depois de escrita, em 1996, quando foi leiloada pela primeira vez.

[b]Fonte: Site da Revista Época[/b]

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