Igreja Mundial do Poder de Deus continua crescendo no exterior e chegou ao Uruguai há dois meses.

Uma nova igreja evangélica que há duas décadas sequer existia apareceu pela primeira vez no censo brasileiro já com 315 mil fiéis.

Fundada em Sorocaba há 14 anos, a Igreja Mundial do Poder de Deus também já está em 18 países e vem chamando a atenção pela sua forte expansão tanto no Brasil como no exterior.

De acordo com o pesquisador Claudio Dutra Crespo, da Coordenação de População e Indicadores Sociais do IBGE, a Igreja Mundial do Poder de Deus nem sequer constava no recenseamento anterior.

“Ela apareceu (no Censo 2010) com 315 mil pessoas e em 2000 nem aparecia. Foi a única denominação nova que se ressaltou no número de declarantes”, afirma.

A igreja foi fundada pelo pastor Valdemiro Santiago, ex-membro da Igreja Universal do Reino De Deus, do pastor Edir Macedo, de quem se tornou o principal rival na disputa por fieis.

‘Sem gritos’

O Uruguai é o mais novo destino da IMPD.

Modesta e iluminadíssima, a primeira sucursal da Igreja Mundial do Poder de Deus (IMPD) na capital uruguaia contrasta com a avenida comercial onde está instalada, semivazia e em penumbras, na fria noite do inverno montevideano.

Aberta há dois meses na cidade, e em funcionamento das 8h às 21h, o lugar é a sede da IMPD no país vizinho e o quinto endereço inaugurado em sete meses, dentro do projeto de instalar “pelo menos uma igreja em cada um dos 19 Departamentos (Estados) do Uruguai”, diz à BBC Brasil o pastor Mário Nicolau, 39.

Até agora, a IMPD se encontra principalmente em cidades fronteiriças com o Brasil, como Rivera e Rio Branco.

Desde dezembro no Uruguai, Nicolau – evangélico há 21 anos – veio com a mulher e o filho de 11 meses, depois de deixar sua Fortaleza natal, um passado de experiências fortes vinculadas a vícios e depressões, e a Universal (por discordar “da administração e dos líderes” da igreja), com a missão de implantar a IMPD em solo uruguaio. Até agora, contabiliza 600 fiéis em todo o país.

Os participantes dos cultos, em sua grande maioria, são uruguaios, conta Juan Ángel Muslera, pastor auxiliar de 33 anos que – além de primo do goleiro Fernando Muslera, da seleção uruguaia – é violonista clássico e traz no pescoço tatuagens “de outras épocas”, que não se orgulha em mostrar, mas que não o impediram de ascender na hierarquia religiosa.

“Muitos dos que chegam aqui vêm de outras igrejas evangélicas, cansados de ser enganados, de encontrar sempre as mesmas coisas”, diz Nicolau, que também contraria o look costumeiro dos pastores com seus cabelos espetados e sem os tradicionais terno e gravata.

“Temos outra forma de passar o evangelho. Aqui, não fazemos diferença, deixamos as pessoas à vontade. Mostramos que elas é que precisam mudar, principalmente e primeiro por dentro, para que as coisas aconteçam na sua vida. Não gritamos nem tentamos convencer ninguém, até porque a Bíblia diz que Deus não escuta gritos vazios”, afirma, ao apontar o que acredita ser a diferença entre a IMPD – “um livro aberto” – e outras evangélicas mais conhecidas no país, como a Universal e a Deus É Amor.

A pouca divulgação da IMPD no Uruguai e a idiossincrasia dos uruguaios, geralmente avessos a professar qualquer tipo de crença religiosa, são alguns dos desafios que pretendem enfrentar, contam.

Católicos e pessoas sem crença religiosa conformam a maior parte da população local. Segundo estudo da Universidad de la República realizado em 2008, 51,9% dos uruguaios se dizem católicos, e 29,4% afirmam não acreditar em Deus ou se definem como agnósticos.

Os adeptos das religiões protestantes representam 13% dos habitantes. Outras vertentes cristãs reúnem 3,7%, o judaísmo congrega 0,2%, as religiões de origem africana, 0,8%, e os que afirmam crer em algo, mas sem preferir nenhuma religião, são 1,1%.

No Brasil, o Censo 2010 mostrou que o número de evangélicos continua avançando, enquanto o de católicos perde peso. O país tem hoje 22,2% da população que se declara evangélica, um ganho de 7 pontos percentuais em relação a 2000. Já o número de católicos caiu 9 pontos percentuais, passando de 73,6% para 64,6% em 2010.
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Fonte: Estadão[/b]

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