Quase 700 líderes tribais e religiosos afegãos e paquistaneses se reunirão a partir de quinta-feira em Cabul em uma “Jirga” (Assembléia), que terá duração de três dias, para examinar a maneira mais eficaz de combater a rebelião Talibã dos dois lados da fronteira.

Os presidentes do Afeganistão, Hamid Karzai, e do Paquistão, Pervez Musharraf, inaugurarão a assembléia, apresentada como uma conferência de paz.

Esta será a primeira vez que autoridades tribais dos dois países abordarão a luta contra os talibãs, segundo analistas.

Porém, os representantes de duas das sete regiões de fronteira do Paquistão, Waziristão do Norte e do Sul, não comparecerão ao evento. Uma fonte ligada à primeira comunidade, que pediu para não ser identificado, afirmou que a postura é um sinal de protesto pelo aumento das operações do Exército paquistanês na área.

Um líder tribal do Waziristão do Sul, Malik Masud Khan Mehsud, pediu a participação dos talibãs, o que também foi solicitado por outro representante paquistanês, Malik Asghar.

“A paz é impossível sem os talibãs”, disse.

Um porta-voz do grupo extremista, Zabihula Mujahid, pediu um boicote à reunião “convocada pelos Estados Unidos”.

O porta-voz da Jirga, Mohamad Asif Nang, afirmou que este será um encontro “exploratório”, que permitirá “revelar as raízes do terrorismo, os santuários terroristas, seu financiamento e apoios”.

Para o ministério do Interior do Paquistão, a reunião determinará uma estratégia comum contra o terrorismo.

Os ataques dos militantes pró-talibã no Paquistão, especialmente nas zonas tribais de fronteiras com o Afeganistão, ganharam força desde a operação militar no mês passado contra a Mesquita Vermelha de Islamabad, onde estavam entrincheirados islamitas radicais fortemente armados.

Segundo o deputado afegão Ahmad Behzad, da província de Herat (oeste), a Jirga “não apresentará soluções porque o Paquistão a aceitou sob pressão dos Estados Unidos”.

As relações entre Afeganistão e Paquistão, historicamente tensas, ficaram ainda piores por causa dos talibãs.

Cabul acusa Islamabad de não impedir as atividades dos extremistas no Paquistão, o que este desmente categoricamente.

O governo paquistanês, um dos três únicos no mundo a reconhecer o governo talibã do Afeganistão entre 1996 e 2001, considera que se trata um assunto interno dos afegãos.

Os talibãs foram retirados do poder por uma coalizão militar dirigida pelos Estados Unidos em 2001, poucas semanas depois dos atentados de 11 de setembro da Al-Qaeda, aliada dos rebeldes.

Fonte: AFP

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