A China negou autorização para que bispos chineses viajem para uma reunião eclesiástica em Roma, disse um porta-voz do Vaticano na sexta-feira, num sinal de novos atritos entre o regime comunista de Pequim e a Igreja Católica.

O padre Federico Lombardi disse que a China deixou claro em contatos preliminares que não haveria autorização para as viagens. Já os bispos de Macau e Hong Kong, territórios chineses com maior autonomia, poderão participar do sínodo, que começa no domingo e dura um mês.

“(Houve) negociações com as autoridades chinesas para ver se outros bispos da China continental viriam. Ficou claro que não haveria acordo e que eles não viriam”, disse Lombardi.

O regime comunista não reconhece a autoridade do papa sobre os católicos, que precisam se submeter a uma Igreja “oficial”. Há 8 a 12 milhões de católicos na China, que se dividem entre o culto autorizado e a lealdade “clandestina” ao papa.

O veto à participação dos bispos chineses no sínodo surpreende por contradizer alguns sinais de reaproximação vistos neste ano.

Em agosto, o bispo de Hong Kong representou o papa Bento 16 na cerimônia de abertura da Olimpíada, e em maio a Orquestra Nacional da China se apresentou para o pontífice num inédito concerto no Vaticano.

A melhoria das relações Vaticano-China é uma das prioridades do pontificado de Bento 16, com vistas à eventual restauração de relações diplomáticas, rompidas dois anos depois da ascensão do regime comunista, em 1949. A China exige que a Igreja rompa relações com Taiwan, que Pequim considera ser uma província rebelde.

O sínodo, com discussões sobre as escrituras bíblicas, contará pela primeira vez com a participação de um judeu, o rabino Shear-Yashuv Cohen, de Haifa (Israel), que no dia 6 comandará um debate sobre a interpretação judaica dos textos sagrados.

Em um evento paralelo ao sínodo, o papa será a primeira das 1.200 pessoas a participarem de uma leitura ininterrupta da Bíblia, que deve durar quase uma semana e ser transmitida pela TV estatal RAI. Ele lerá um trecho do Gênesis.

O rabino-chefe de Roma, Riccardo di Segni, deveria ler o trecho seguinte ao do papa, mas desistiu no mês passado, alegando que o evento havia se tornado “católico demais”.

Serão lidos todos os 73 livros da Bíblia católica. Cada orador lerá por 5 a 8 minutos.

Fonte: O Globo

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