Um músico de compaixão

Esse fim de semana fiz algo que não costumo fazer e que tenho tido muito pouca chance ultimamente: assistir a um show de música Cristã. Não tenho muito hábito de freqüentar shows desse tipo, em primeiro lugar porquê como moro em uma cidade universitária, a maioria dos artistas e bandas convidados para eventos são de uma linha mais compatível com a faixa etária equivalente, e eu já não tenho mais idade pra ficar pulando feito pipoca por duas horas seguidas.

E em segundo lugar, porquê não gosto mesmo de ir a shows; não tenho muita paciência e prefiro gastar dinheiro com alguma outra atividade que me dê mais prazer, com ir ao cinema ou jantar fora de vez em quando. Mas, como dessa vez se tratava de Michael W. Smith, achei que valia a pena abrir uma exceção.

Michael W. Smith construiu ao longo de mais de 20 anos, uma carreira sólida e profícua, com quase 20 discos lançados, shows pelo mundo todo e o reconhecimento da crítica não só evangélica, como sendo um dos artistas cristãos mais importantes das últimas duas décadas. Tem em seu currículo além dos discos gravados, diversos Dvd’s e até mesmo um filme (“The Second Chance”), onde atua como protagonista pela primeira vez. Já foi listado pela revista “People” como uma das 50 personalidades mais bonitas do mundo, e rotineiramente visita programas de entrevistas como os de Larry King, Jay Leno, David Letterman entre outros. Até mesmo na casa branca, Michael tem livre acesso e inclusive representa o presidente americano em eventos filantrópicos. Michael já vendeu cerca de 13 milhões de discos ao longo de sua carreira, ganhou 40 Dove Awards e 3 Grammy, além de já ter emplacado 29 músicas como canções número 1 na Billboard. Suas canções, por sinal foram o principal estímulo para que eu me motivasse a ir ao show. Algumas delas já foram traduzidas para o português e estão, na minha opinião pelo menos, entre os melhores representantes da música Cristã contemporânea americana. Nunca fui muito fã da sua voz e nem de seus discos, mas as canções de Michael W. Smith sempre cativaram minha atenção pela beleza de suas melodias e sensibilidade das letras.

O show começou de forma um pouco decepcionante para mim, ao perceber que não teríamos uma banda completa com bateria, baixo e etc., mas apenas 3 músicos além do cantor; um tecladista, com vários teclados e “sequencers” com “loops” pré-gravados, uma jovenzinha tocando violão e outro rapazinho tocando “cajón”; nada que me impressionasse e pra quem odeia “Play-back”, como eu, uma péssima primeira impressão. Mas, no decorrer do show comecei a ficar mais calmo e a apreciar um pouco mais os músicos convidados.

A jovenzinha, que tocava um violão apenas razoável, de repente pega um violino elétrico e começa a tirar um som maravilhoso e depois até cantou uma musica solo se acompanhado ao violino ao mesmo tempo, algo que nunca tinha visto antes; um arraso! Trata-se de Crista Black , que tem enorme talento e uma voz linda e distinta. Ela inclusive já gravou um cd solo recentemente. Um nome que vale a pena guardar.

O outro jovem músico, é na verdade um ministro de louvor bastante conhecido nos EUA, chamado Michael Olson, que tem vários cd’s gravados e um ministério bem desenvolvido no país. Como músico, não acrescenta muito ao show, mas tem uma boa voz e pareceu ser bastante comprometido com o evangelho. O outro tecladista, é a coluna vertebral da banda e meio que um “faz tudo”; seu nome é Jim Daneker e toca com Michael desde 1996. No final das contas, o grupo conseguiu fazer uma boa mistura com os “loopings” e o som ficou até que agradável.

Michael me surpreendeu bastante pela sua habilidade como tecladista; demonstrou ter boa técnica e muito bom gosto, tecendo ótimos acompanhamentos e até mesmo solo em algumas músicas de seu disco instrumental, gravado na Irlanda em 2000. a segunda parte do show, inclusive, teve Michael cantando voz e piano, sozinho, quase o tempo todo.

Mas, o que realmente fez toda a diferença para mim naquela noite, foi ver o envolvimento do cantor em obras de ação social. Boa parte da noite foi dedicado a promover e divulgar um projeto chamado “Compassion”, que tem por objetivo ajudar crianças ao redor do mundo a sair da pobreza., através de doações mensais. Ele próprio já “adotou” diversas crianças através do programa e chegou mesmo a ir para o Equador para a formatura de uma delas. É visível o compromisso de Michael com o “Compassion” e a forma autêntica como se preocupa em fazer algo pela miséria no mundo. Pudemos assistir a um vídeo dele indo para o Kenya, na mega-favela Quibera, e ficando bastante emocionado pelas terríveis condições que lá encontrou.

Michael foi nomeado recentemente como representante oficial do governo americano para conceder prêmios a pessoas e instituições envolvidas em trabalhos sociais. Dois prêmios foram distribuídos naquela mesma noite para personalidades locais que desenvolvem notáveis trabalhos filantrópicos na comunidade. Certamente algo pouco usual, mesmo para artistas Cristãos, que na maioria das vezes estão mais interessados em vender discos e ampliar o fã-clube do que em se envolver ou mesmo dedicar tempo de seus shows e de suas agendas para a promulgação de projetos como “Compassion”.

Saí do show com uma agradável sensação não só por ter assistido a um bom concerto de música Cristã contemporânea, mas principalmente por ver que o nome de Deus tem sido honrado na carreira desse músico talentoso e com fama e dinheiro suficiente para não fazer mais nada e apenas curtir a vida numa boa. Ao contrário disso, Michael mostra ser um Cristão genuíno por coisas pequenas e as vezes pouco detectáveis, como a maneira gentil e humilde com que trata seus músicos, a simplicidade com que se porta em entrevistas e tardes de autógrafos e principalmente por ter compaixão em se envolver em projetos sociais e tentar assim fazer diferença nesse mundo, levando Luz e Sal onde é necessário.

Quem quiser saber mais sobre o projeto “Compassion”, pode vsitar o site:
http://www.compassion.com/default.htm

Um abraço,

Leon Neto

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