Um líder cristão local relatou sua visão sobre os últimos acontecimentos no Egito.

Apesar da violência, da morte e destruição que a comunidade cristã e muçulmanos não radicais têm enfrentado, a resposta para a perseguição e intolerância religiosa sobre a Igreja egípcia deve ser, no fim das contas, pacífica e gentil.

“Uma lista foi divulgada esta manhã na mídia egípcia, bem como em redes sociais, contendo nomes e/ou quantidade de igrejas, mosteiros, escolas e livrarias/lojas cristãs, farmácias e casas de cristãos que foram atacados, saqueados, destruídos e, eventualmente, incendiados ontem por partidários da Irmandade Muçulmana.

Esses ataques ocorreram em Fayoum, Bani Suwief, Minya, Assiut, Sohag, Qena, Luxor, Cairo e Gizé em vingança pela evacuação forçada de membros da Irmandade Muçulmana que acampavam nas cidades do Cairo e de Gizé em protesto à retirada do presidente Mohamed Mursi do poder. Metade das 28 províncias do Egito foram colocadas sob toque de recolher a partir de ontem à noite (14) após o aumento no número de ataques.

Partidários da Irmandade Muçulmana, armados com armas de todos os tipos , de metralhadoras a coquetéis molotov, atacaram cristãos e queimaram suas igrejas, lojas e casas, primeiro para demonstrar domínio e poder e, segundo, para punir a multidão de cristãos que se colocaram contra as políticas do ex-presidente Mursi e seu regime.

Em Minya, simpatizantes da Irmandade Muçulmana alojaram-se em uma rua da vila e abriram fogo contra uma loja/casa cristã ao longo da noite, até destruir toda a construção. Nenhuma força policial ou militar estava presente; não havia ninguém para oferecer ajuda ou fornecer proteção.

Liguei para um amigo meu, em Minya, e ele me disse que em determinada aldeia, a Irmandade Muçulmana proibiu as mulheres cristãs de andarem nas ruas; se fossem pegas violando a ordem, seriam mortas. Algumas muçulmanas têm ajudado suas vizinhas cristãs indo ao supermercado para elas, a fim de que não corram risco ao sair de casa. Em uma empresa, colegas muçulmanas tiveram de emprestar véus para encobrir suas amigas cristãs a fim de levá-las às escondidas para casa.

Em outra aldeia, um cristão que estava defendendo sua igreja foi morto. Eu não posso expressar em palavras a maneira que ele foi assassinado e o que foi feito com o seu corpo! Em outro lugar da cidade, radicais destruíram uma igreja e festejaram com seus companheiros o ato de incendiar o templo.

Um cristão que eu conheço mora bem próximo a um dos dois locais onde partidários da Irmandade Muçulmana acamparam ao longo dos últimos 45 dias. Ele me contou sobre uma experiência que teve ontem. Após os manifestantes terem sido forçados a deixar o lugar, ele voltou para verificar seu apartamento, que havia abandonado durante os 45 dias. Andando pelo bairro, ele viu muitos homens e mulheres confusos, eles falavam entre si acerca da vitória da Irmandade Muçulmana sobre o ‘inimigo’ e louvavam a sua liderança por isso. Ele me contou:

‘Eu tentei odiá-los. Afinal, eles são a causa de destruição do meu país. Mas, movido por um poder divino, eu entrei na loja de um partidário da Irmandade Muçulmana, localizada no meu prédio. Comprei várias caixas de garrafas de água e, em lágrimas, distribuí as garrafas de um homem ao outro, de uma mulher a outra, até que todos vieram em minha direção e saciaram sua sede. Eles não passam de pessoas que precisam do amor de Cristo assim como todos nós. Não posso odiá-los, mas sim, ajudá-los’, concluiu.”

[b]Fonte: Portas Abertas Internacional[/b]

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