Extremistas hindus criaram acusações de conversões “forçadas” e realizaram diversos ataques contra cristãos no Estado de Karnataka.

Dois pastores da cidade costeira de Akkiallur, distrito de Haveri, foram detidos no domingo, 3 de setembro, depois que um grupo de 150 pessoas, supostamente liderado por extremistas do grupo Rashtriya Swayamsevak Sangh (RSS), invadiu a reunião de uma igreja doméstica.

Santosh George e Madhu Mohan trabalhavam com a Missão Marthoma, um braço da Igreja Marthoma.

O grupo de extremistas chegou em companhia de repórteres e policiais. Eles danificaram a motocicleta que pertencia à missão e exigiram que os pastores entregassem todos os livros, incluindo Bíblias, guardadas na casa – que eles confiscaram como “evidências” de que os pastores estavam convertendo à força hindus das vilas vizinhas.

Eles também obrigaram os pastores e três crianças a se ajoelharem na igreja, e tiraram uma foto deles, que apareceu mais tarde no jornal local “Vijaya Karnataka”.

O superintendente de polícia, Siddana, e seu vice, Dayanad Gouda, disseram que os pastores foram detidos para a segurança deles próprios, apesar de não haver evidências concretas de que eles convertiam à força adultos ou crianças, segundo disse Albert Lael, secretário organizador do Conselho Cristão Geral da Índia.

Albert ainda disse que líderes da Missão Marthoma esperavam chegar a um acordo com aqueles que fizeram a queixa.

Uma audiência foi marcada para 16 de setembro.

Atmosfera de medo

Albert disse à agência de notícias Compass que, a princípio, a polícia emitiu ordens de prisão não-afiançáveis contra os pastores. “Mas o magistrado do tribunal de Haveri lhes deu direito à fiança, com o pagamento da quantia de 150 mil rúpias (3.245 dólares) para cada.”

Um cristão local, que pediu anonimato, disse que havia uma atmosfera de medo na área depois do incidente, e que os cristãos no Estado notaram um aumento no número de acusações falsas e ataques violentos.

Antes disso, no dia 15 de agosto, um inspetor de polícia e um grande número de extremistas hindus invadiram uma reunião de oração em Ambedkar Beedhi, cidade de Malur.

“O inspetor Shiva Kumar, da delegacia de Malur, invadiu com extremistas a casa de David Narayanaswamy, onde a reunião de oração acontecia”, relatou Sajan George, presidente do Conselho Global de Cristãos Indianos. “Eles puxaram para fora o pregador convidado (o pastor Peter Muniappa), David e alguns outros, e então os agrediram no rosto.”

Os policiais e os extremistas hindus levaram os cristãos à delegacia, onde agrediram severamente o pastor Peter.

O inspetor também ameaçou duas mulheres cristãs, Tabitha Timothy e Manjula Narayanaswamy, dizendo que elas não deviam se reunir para orar de novo.

A polícia tirou fotos dos cristãos, que foram exibidas em um canal de televisão local, numa reportagem afirmando que David Narayanaswamy e os outros convertiam hindus.

Peter e David ficaram sob custódia da polícia durante a noite. A polícia os obrigou a assinar um documento confessando que eles convertiam não-cristãos. Depois disso, eles foram soltos, às 11h30 do dia seguinte.

Depois do incidente de 15 de agosto, aconteceu a invasão em um culto, no dia 20 de agosto, que ocorria na Igreja Comunidade Bom Pastor, no mesmo distrito. Cerca de 10 extremistas do RSS participaram do ataque.

No dia 15 de julho, extremistas do grupo hindu Bajrang Dal entraram em uma cadeia de Karnataka e atacaram Chetraven Rajan, um empresário cristão acusado de compelir sua esposa a se suicidar. As autoridades da prisão não esboçaram nenhuma tentativa para proteger Chetraven, nem abriram um caso contra os agressores.

Cristãos dizem que a incidência de ataques anticristãos aumentou em Karnataka desde que o governo do partido Janata Dal-Secular, em coalizão com o Partido Bharatiya Janata, assumiu o poder do Partido do Congresso em fevereiro.

Fonte: Portas Abertas

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