No domingo, 10 de setembro, membros do grupo extremista hindu Jagran Dharma Sena atacaram reuniões de oração cristãs em dois distritos de Madhya Pradesh, na Índia.

No distrito de Balaghat, um grupo de 15 cristãos se reuniu para orar por uma mulher que estava doente, quando foi atacado por 40 extremistas. No distrito de Seoni, um grupo de 40 a 50 cristãos foi atacado por cerca de 70 extremistas.

Em Sarekha, distrito de Balaghat, um grupo de 15 pessoas se reuniu na casa de Rekha Bai Kawde, que pediu oração por sua saúde. Por volta das 13 horas, cerca de 40 extremistas hindus atacaram a casa, e agrediram severamente dois evangelistas – Durga Prasad Vanshpal e um homem identificado apenas como Niwade.

Os extremistas arrastaram Rekha e os dois evangelistas até a delegacia, agredindo-os durante o percurso.

De acordo com fontes locais, os policiais ameaçaram Rekha e bateram nela. A polícia então ordenou que ela registrasse uma queixa contra os dois evangelistas. Segundo relatos, a polícia e os extremistas ameaçaram-na de queimar sua casa e matar seu filho, caso ela se recusasse a registrar a queixa.

Rekha Kawde, que é viúva, sucumbiu à pressão. Instruída pela polícia, ela declarou que os dois evangelistas exigiram que ela se convertesse ao cristianismo e parasse de adorar deuses hindus.

Rekha freqüentava os cultos cristãos há anos – enquanto o marido estava vivo e depois que ele morreu. Fontes confirmaram que ela nunca foi pressionada por ninguém da comunidade cristã para trocar de religião.

Os evangelistas foram acusados sob as seções 295A do Código Penal e 4 do Ato de Liberdade Religiosa de Madhya Pradesh. Violar a Seção 295A é uma ofensa inafiançável.

Segundo ataque

No mesmo dia, em Barghat, distrito de Seoni, um grupo de cerca de 70 pessoas, alegando ser membros do Jagran Dharma Sena, atacou uma igreja doméstica, onde estavam entre 40 e 50 cristãos, lideradas pelo pastor Haroon Jonathan.

Segundo relatos, a multidão agrediu o pastor e membros da igreja. Ele sofreu ferimentos na cabeça.

Os agressores então chamaram a polícia, que levaram o pastor Haroon, sua esposa, Anita; sua cunhada, Sunita, e o marido dela, Sunil, para a delegacia.

De acordo com testemunhas, membros do partido nacionalista hindu Bharatiya Janata (BJP) cercaram a delegacia e forçaram os policiais a registrar uma queixa contra os quatro cristãos.

A polícia alegou ter evidências de que o pastor Haroon fez referências ofensivas contra divindades hindus. Ele e os outros foram fichados sob várias seções do Código Penal e sob a seção 4 do Ato de Liberdade Religiosa de Madhya Pradesh.

Operação ilegal

Na noite de domingo, 10 de setembro, a polícia revistou a casa do pastor Haroon sem um mandado de busca. A revista foi ilegal; operações desse tipo realizadas à noite não são comuns na Índia e, embora alguns dos moradores fossem mulheres, não havia policiais femininas participando da busca. O fato abre um precedente no procedimento da polícia.

Além disso, a polícia levou equipes de TV e jornal locais para cobrir a busca.

Um membro da imprensa disse à Portas Abertas, sob anonimato, que a busca não era nada mais que mera propaganda da polícia e dos extremistas. A polícia não encontrou qualquer evidência de conversão forçada e nenhum material contendo referências depreciativas a outras religiões.

Os acusados tinham de comparecer perante o magistrado na segunda-feira, 11, mas, como ele estava de licença, a audiência foi cancelada.

Em 12 de setembro, o pastor Haroon foi libertado sob fiança, com proteção policial, e até aquele momento a audiência não tinha sido reagendada.

Fontes locais confirmaram um grande aumento no número de ataque contra cristãos em Madhya Pradesh nas últimas semanas.

O Estado é governado pelo BJP – um partido nacionalista freqüentemente implicado em atividades extremistas hindus.

Fonte: Portas Abertas

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