Treze cristãos foram mortos no mês passado no Laos por soldados, policiais e civis em um levante popular dos moradores de Hmong, que falsamente os acusaram de serem dissidentes rebeldes, segundo informações de fontes locais ao Compass.

Na ação, estimulada principalmente pelos líderes comunistas da aldeia, os cristãos foram acusados de rebeldes separatistas. As autoridades prenderam aproximadamente 200 dos 1900 membros de uma Igreja Evangélica em Ban Sai Jarern, na província de Bokeo, na região noroeste do Laos.

Centenas de cristãos de Hmong são na verdade refugiados perseguidos do Vietnã. As vítimas estão sendo falsamente acusadas de ligação com o general separatista Vang Pao.
A polícia tem intensificado as buscas aos cristãos nos campos de arroz e nas montanhas. Sempre que são vistos, os policiais atiram, de acordo com uma fonte que pediu para permanecer anônima.

“Muitos cristãos foram mortos ou estão seriamente feridos”, disse a fonte. “Mulheres e crianças estão sendo enviadas à prisão”, denunciou.

Dentre os mortos estava Neng Mua, um cristão nativo da vila Fay que tentou se esconder nas montanhas após uma incursão policial. No dia 7 de julho ele foi até a casa de alguns amigos implorar por comida, mas em vez disso um amigo atirou contra ele, alegando ser ele suspeito de integrar “o exército de libertação”.

No dia 8 de julho, a polícia atirou contra Seng Wue e o matou em uma estrada depois que ele e outros cristãos decidiram se entregar, pois não agüentavam mais de fome e fadiga. Fontes locais ouviram falar que dois soldados atiraram em dois outros cristãos na estrada para a vila de Don Sawan.

Cronologia da perseguição

No dia 13 de julho, soldados mataram uma pessoa parecida com Jong Wue Lao, membro da igreja Ban Sai Jarern. Jong conseguiu escapar, mas seu paradeiro ainda é desconhecido. Segundo os soldados, na ocasião foram mortos oito dos dez, mas ainda não ficou claro se as vítimas eram companheiros de Jong.

No dia 12 de julho a polícia prendeu Jue Por Wang, o líder da igreja de Ban Fay, e Wang Lee Wang, o líder da igreja de Ban Sawan. Policiais disseram que os líderes estavam sendo financiados por Vang Pao para treinar cristãos na luta contra o governo.

Em maio e junho, cerca de 100 soldados do Vietnã, junto de autoridades do Laos e do Vietnã, chegaram a Ban Sai Jarern a procura de vietnamitas em Hmong. Havia de 600 e 800 soldados do Laos e 200 do Vietnã. Eles ficaram de prontidão na provincial de Bokeo durante todo o mês de julho.

Os soldados cercaram Ban Sai Jarern e as comunidades próximas e proibiram as pessoas de entrar ou sair. Como resultado destas restrições, a igreja de Ban Sai não pode mais celebrar seus cultos.

Nas areas de influência dos soldados e da polícia, muitas pessoas estão fugindo com medo de serem presas ou executadas. Muitas fogem para as montanhas, onde não há comida. Só bananas garantem a sobrevivência.

Oficiais do Laos e Vietnã prenderam cerca de 52 famílias das vilas: Ban Sai Jarern, Huay Klay, Fay, Numsamork e Chai Pathana.

Hostilidade

Os membros da igreja Ban Sai Jarern que também atende cristãos de Fay e outras cinco vilas, afirma que a congregação nunca se envolveu com o general Vang Pao ou qualquer membro de movimentos separatistas.

“Somos cidadãos que cumprimos as leis”, disse um membro. “Não fazemos parte de qualquer grupo político ou separatista, ao contrário, estamos engajados na construção de uma nação melhor dentro da fé e dos ensinamentos bíblicos”.

Autoridades comunistas do Vietnã e do Laos têm sido hostis em Hmong desde a guerra norte-americana no Vietnã. Eles associam o cristianismo ao exército dos Estados Unidos.

Em junho, autoridades norte-americanas prenderam Vang Pao e outros nove comparsas na California, por conspiração contra o regime do Laos.

O rápido crescimento das igrejas em Bokeo, segundo fontes cristãs, levantou a ira das autoridades.

No dia 5 de outubro, na vila de Sai Jarern, cinco líderes de igrejas vietnamitas foram deportados. Um deles, Saoma Lao, está morto. Outro, Jongneng Yang, está vivo, mas não se sabe sobre sua saúde e localização. Os demais, Jue Lao, Thayeng Lei e Lei Yang, estão desaparecidos.

Chaicheng Lee, professor e tesoureiro da igreja de Ban Sai Jarern, de 38 anos, também está desaparecido. A polícia o prendeu no dia 4 de julho depois de invadir a casa dele e levar documentos contendo o nome de membros da congregação.

Fontes locais contaram que os policiais foram ao encontro de muitos dos que estavam na lista e os obrigaram a dizer que Chaicheng foi treinado pelas forças de Vang Pao contra o governo. Oficialmente, ele foi solto no dia 16 de julho, mas ninguém mais o viu.

Fonte: Portas Abertas

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