A demanda de Bíblias na China tem crescido tanto que a Amity Print, empresa que publica mais Bíblias no país e, provavelmente, no mundo, tem encontrado dificuldades para atender os pedidos.

“Desde que começamos, em 1988, não paramos de crescer”, disse o diretor da editora, o neozelandês Peter Dean. “Este ano publicamos 3,1 milhões de exemplares, somente na China”, acrescentou.

A Amity Print, que tem sede em Nanquim, no sul da China, produz Bíblias também para exportação, principalmente para Rússia e países da África. Desde que começou a funcionar, a empresa já vendeu 41 milhões de Bíblias na China e 9 milhões para exportação.

Dean explicou que a Amity produz Bíblias baseando-se em pedidos do Conselho de Cristãos da China, o órgão reconhecido pelo governo chinês, que depois se encarrega da distribuição. “O procedimento para vender diretamente nas livrarias é mais complexo e nós não somos uma editora, o editor é o Conselho de Cristãos”, disse Dean. “Também a Igreja Católica chinesa nos pediu uma grande quantidade de exemplares”, acrescentou.

De 500 mil cópias em 1988, a Amity passou para 3 milhões em 2007, em uma demanda que cresce de acordo com a economia chinesa. “A que mais vende é a edição de bolso, acho que isso significa que quem compra a Bíblia são os jovens”, afirmou Dean.

A mudança foi profunda desde o início dos anos 70, quando a polícia comunista queimava livros religiosos em público. Segundo números oficiais, na China existem hoje 4 milhões de católicos, 17 milhões de protestantes e 100 milhões de seguidores do budismo e do taoísmo.

Em seu livro Jesus in Beijing, o jornalista norte-americano David Aikman afirma que os cristãos são mais de 80 milhões, enquanto observadores independentes afirmam que aqueles que praticam os ritos das religiões tradicionais na China são pelo menos 200 milhões.

O problema da religião na China continua a ser delicado. O governo de Pequim reserva-se o direito de nomear os bispos católicos e de encontrar a reencarnação dos lamas tibetanos.

Em outubro passado, o Comitê Organizador das Olimpíadas de 2008 em Pequim foi obrigado a voltar atrás em sua decisão de proibir os membros das equipes olímpicas de trazer ao país “livros de propaganda religiosa”.

“Se vermos o assunto em perspectiva, o que acontece hoje na China não é muito diferente do que aconteceu antes na Europa, quando não havia sido resolvido o problema da relação entre os governos e o poder espiritual”, afirmou Dean.

A difusão da Bíblia e de outros livros religiosos é permitida na China desde 1979. a maior parte das Bíblias é distribuída pelas igrejas durante cerimônias religiosas e uma rede de livrarias especializadas, mas não é difícil encontrar exemplares nas grandes livrarias, como a que pertence à Nova China, a editora proprietária da maior agência de notícias do país.

Fonte: Estadão

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