Durante o encontro, os presos de uma das celas pediram ao arcebispo sua intercessão na adoção de medidas que minimizem o problema da superlotação na unidade prisional e ontem mesmo o diretor da casa garantiu a transferência de pelo menos 15 dos 180 internos, ainda hoje.

A visita da imagem peregrina da Virgem de Nazaré à carceragem da Seccional de São Brás, ontem, aconteceu às 10 horas e teve resultados imediatos. É a primeira de uma série de seis, coordenadas pela Pastoral Carcerária da Arquidiocese de Belém. Nos dias que antecedem o Círio de Nazaré, quase todas as casas penais do Estado recebem a visita da imagem, conduzida pelo arcebispo de Belém. A visita de ontem seria restrita à carceragem da seccional, mas os funcionários da Polícia Civil aproveitaram e pegaram ‘carona’, programando uma cerimônia de recepção, seguida de um encontro de oração no pátio central do prédio.

Dom Orani João Tempesta visitou todas as celas da seccional, que hoje tutelam quase 200 presos, número que caracteriza a superlotação. A capacidade é para 130. Numa das celas, os presos estenderam um lençol branco onde estava escrito um pedido de ‘socorro aos direitos humanos’. O aviso era completado pela alusão ao problema da superlotação. O diretor da unidade, vinculado ao Sistema Penal, Jorge Wanzeller, disse que ainda no dia seguinte (hoje, quarta-feira) seriam transferidos pelo menos uns 15 presos. ‘O número, é claro, ainda é insuficiente, mas ameniza. A transferência depende da disposição de vagas nos presídios e penitenciárias’, justificou Wanzeler.

Problema de superlotação à parte, a visita da imagem mudou a rotina na Seccional de São Brás. Os funcionários montaram um altar onde a santa ficou enquanto eles rezavam e cantavam, orientados pelo livro de peregrinação. Participaram policiais civis, militares, dom Orani Tempesta e um grupo de cantores, que animaram o encontro. Dom Oarni pregou por dez minutos, exortando a todos a ‘unidade nas diferenças’. Disse que assim como quem trabalha com os presos trabalha pela mudança de vida dos transgressores da lei, os policiais também são chamados à conversão, à mudança de vida.

Quando o arcebispo desceu com a imagem em mãos na carceragem, os presos o receberam com canções religiosa e faziam questão de tocar no ícone e cumprimentar com apertos de mão o chefe da Igreja Católica no Pará. O arcebispo, acompanhado do diácono Ademir da Silva, falava, em breves palavras, da necessidade dos presos darem importância aos apelos de mudança de vida, apesar do sofrimento por que passam com a privação de liberdade. Depois rezava e cumprimentava a muitos. Esse ritual foi cumprido em todas as celas.

A próxima visita está marcada para o complexo penitenciário do Coqueiro, onde estão localizados o Centro de Recuperação Feminino e o Centro Regional de Ananindeua. Nessas duas casas penais, a visita será mais longa, pois haverá celebração de missa. Depois do Coqueiro, o arcebispo levará a imagem para o complexo penitenciário de Marituba. E assim sucessivamente.

Fonte: O Liberal

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