‘What would Jesus buy?’ é uma iniciativa anticonsumista do ‘reverendo’ Billy. Filme é produzido por Morgan Spurlock (foto), documentarista de ‘Super size me’. É o “Dia de não Comprar Nada”, com a bênção de Jesus.

O artista Bill Talen interpreta o reverendo Billy, quase sempre acompanhado por um coral gospel, lançando mão da arte dramática e das entonações de um típico televangélico (ao estilo Jimmy Swaggart) em um movimento anticonsumismo que tem como objetivo converter as pessoas para a sua “Igreja Pare de Comprar”.

Para a ocasião das compras frenéticas da Black Friday (dia que segue a celebração de Ação de Graças nos EUA e que marca o início da temporada de compras de Natal no país), neste ano, Talen está investindo na publicidade com uma pitoresca campanha de divulgação de um novo documentário sobre a sua iniciativa, chamado “What would Jesus buy?” (O que Jesus compraria?).

O filme inclui “duendes fazendo greve” no shopping center a céu aberto Grove, em Los Angeles, e “Quatro Cavaleiros do Compralipse” descendo a Madison Avenue em Nova York, como contou Morgan Spurlock, produtor do filme.

Spurlock, conhecido por colocar-se em situações nada confortáveis como no filme “Super size me”, de 2004, e na série de TV “30 days”, não adotará a técnica de imersão neste projeto.

“Eu cortei essa história, cara”, disse Spurlock nesta semana. “Comecei a abandonar essa idéia de cartões e mais cartões de crédito para comprar mais presentes para as pessoas.”

Spurlock afirma que a campanha e o filme devem atrair tanto os cristãos conservadores como o pessoal da ala esquerda da política. “Existe uma coisa com a qual as pessoas dos dois lados do muro devem concordar: a época de Natal fugiu ao controle”, declarou ele.

“Conseguiram nos convencer de que você demonstra o amor por alguém com aquilo que compra para a pessoa, pelo preço que pagou no presente, pelo que está discriminado no recibo. E essa é uma mensagem errada a se perpetuar”, acrescentou.

Repercussão

Uma crítica sobre “What would Jesus buy?”, publicada na revista “Christianity Today”, questionou se o número de Talen, zombando da religião e do consumismo, não teria ido longe demais.

“Sim, é condescendente. Sim, banaliza o cristianismo”, dizia a revista, antes de concluir: “Mas todo o argumento do filme é de que a nossa cultura da mercadoria vulgarizou o cristianismo.”

O “Dia de não Comprar Nada” foi idealizado pelo artista Ted Dave de Vancouver, British Columbia, em 1992, e a partir de então foi advogado pela revista Adbusters, como contou o gerente de campanhas da Adbusters, Paul Cooper.

“Tudo começou meio como brincadeira”, disse o editor-chefe da Adbusters, Kalle Lasn. “Os ambientalistas são, na verdade, o alicerce deste movimento. Mas além disso, as pessoas religiosas também entraram em cena.”

Cooper refere-se ao dia como um evento de “abertura” a todos os tipos de manifestações de artistas e ativistas. Qualquer iniciativa que promova uma reflexão sobre compra e consumo é incentivada. No ano passado, um grupo transitava entre lojas vestindo camisetas que anunciavam 50% de desconto em todos os itens do estabelecimento.

“Existem muitas pessoas que se incomodam com esta estranha tradição de compras desenfreadas e multidões agitadas e vorazes no dia que sucede o dia de Ação de Graças”, disse Cooper.

Fonte: G1

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