A temática religiosa e o impacto da Igreja Católica nas escolas promete estimular os debates do Congresso Nacional de Educação, que tiveram início ontem, em Sucre, em meio a versões contraditórias sobre o futuro da educação religiosa na Bolívia.

Segundo artigo publicado na segunda-feira, em La Razón, nem a declaração do presidente Evo Morales de seguir o catolicismo, ou as declarações do vice-presidente, Álvaro García Linera, quanto ao respeito à religiosidade, ou o anúncio do ministro da Educação, Félix Patzi, de que o ensino da religião será opcional, aplacaram o debate sobre a educação leiga proposta pelo governo e a Igreja Católica.

Embora o propósito do congresso seja desenhar a política educacional que substituirá a reforma no país, seus 700 participantes preparam-se para abordar o tema da educação religiosa como um dos eixos centrais das discussões.

A Igreja Católica boliviana sustenta que tanto os pais quanto os próprios educadores “têm o direito de buscarem para si uma educação religiosa de acordo com sua consciência e crença religiosa”. Ela pediu ao Estado, em documento, que garanta “o exercício dos direitos invioláveis do homem, como a liberdade religiosa”.

O Executivo, através do ministro Patzi, prefere deixar a decisão nas mãos do Congresso Nacional de Educação, e espera que, pela primeira vez na história da Bolívia, se incluam os critérios dos setores tradicionalmente ignorados pelo Estado.

Patzi, um jovem sociólogo de origem aymara, pronunciou-se contrário ao que denominou de “monopólio” da Igreja Católica na educação religiosa e disse que a única coisa que faz é “doutrinar”.

O ministro assegurou que não permitirá que essa situação continue e anunciou que tanto no sistema público como nos colégios religiosos será proibido o ensino da catequese, como ocorre na atualidade.

Patzi afirmou que o ensino da religião “não serve”, e propôs substitui-lo por uma disciplina de história das religiões, “aconfessional, sem compromisso do professor e do aluno”.

O sacerdote Sebastián Obermaier, conhecido por seu trabalho social na Bolívia, liderou, na sexta-feira, marcha pelo centro de La Paz em protesto aos planos de Patzi. Ele pediu a renúncia do ministro, acusando-o de pretender destruir a fé do povo boliviano, majoritariamente católico.

Representantes de 26 organizações vinculadas ao governo participam do Congresso Nacional de Educação, que deve emitir projeto de lei de reforma da educação para ser encaminhado ao Congresso da República.

Fonte: ALC

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