O papa Bento XV pediu que países de maioria islâmica façam mais para garantir a prática da fé de suas populações cristãs.

O Egito chamou o seu embaixador no Vaticano hoje, após um discurso do papa Bento XVI, feito ontem, no qual ele pediu que certos países de maioria islâmica, incluído o próprio Egito, façam mais para garantir que suas populações cristãs possam praticar sua fé sem discriminação e violência.

Hossam Zaki, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Egito, descreveu as declarações de Bento XVI como “inaceitáveis” e acusou o pontífice romano de influir em assuntos internos do Egito. “O Egito não permitirá que não egípcios interfiram nos nossos assuntos internos, sob nenhum pretexto”, disse.

Em discurso feito ontem aos embaixadores creditados na Santa Sé, Bento XVI citou os recentes ataques a bomba contra os cristãos no Egito, Iraque e Nigéria, e disse que os governos desses países precisam tomar medidas mais efetivas para proteger suas minorias religiosas.

O xeque Ahmed el-Tayyib, imã da universidade Al-Azhar, principal instituto de ensino do Islã sunita, também criticou as declarações do papa. “A proteção aos cristãos é um assunto interno nosso e deve ser feita pelo governo, uma vez que eles (os cristãos) são cidadãos como quaisquer outros”, afirmou em comunicado. “Nós reiteramos nossa rejeição à interferência estrangeira nos assuntos internos dos países árabes e islâmicos, seja qual for o pretexto”, acrescentou.

Na véspera do ano-novo, um ataque a bomba de fundamentalistas islâmicos contra uma igreja cristã em Alexandria matou 21 fiéis, levando a acusações dos cristãos coptas egípcios de que o governo não os protege, além de reabrir antigas reclamações da minoria local sobre discriminação.

“Também no Egito, em Alexandria, o terrorismo atingiu brutalmente os cristãos, enquanto eles rezavam na igreja. Essa sucessão de ataques é mais um sinal da urgente necessidade dos governos da região adotarem, levando em conta as dificuldades e perigos, medidas efetivas de maior proteção às minorias religiosas”, disse Bento XVI.

O presidente do Egito, Hosni Mubarak, tem repetido várias vezes que o governo protegerá a minoria cristã do país, que abrange cerca de 10% dos 80 milhões de habitantes. Mubarak acusou grupos extremistas estrangeiros de estarem por trás do ataque à igreja em Alexandria.

[b]Fonte: Estadão[/b]

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