A erotização excessiva da imagem feminina nos meios de comunicação, na publicidade e no marketing pode ter efeitos psicológicos e físicos danosos para meninas e adolescentes, alerta um estudo publicado nos Estados Unidos.

A Associação Americana de Psicologia (APA, na sigla em inglês) divulgou nesta semana um relatório que analisa 300 estudos publicados durante os últimos 18 meses, nos quais são analisados os meios de comunicação – em particular a televisão -, filmes, revistas e inclusive letras de músicas e a silhueta das bonecas.

Esta pressão que os especialistas chamam de “erotização” baseia o valor de uma pessoa essencialmente e seu sex appeal e pode levar à depressão, a distúrbios alimentares e a um mau desempenho escolar, adverte a APA.

“As conseqüências da erotização das adolescentes nos meios de comunicação hoje são muito reais e têm, obviamente, uma influência negativa em seu desenvolvimento”, afirma a doutora Eileen Zurbriggen, chefe da equipe de pesquisas.

Esta pressão, acrescenta, pode afetar a saúde física e psicológica, a aprendizagem e o desenvolvimento sexual.

Segundo o Centro Nacional de Medicina Infantil, há dez anos, os distúrbios alimentares, especialmente a anorexia, começavam quando as adolescentes tinham 15 anos. Atualmente, não é raro que as meninas de 5 e 6 anos comecem a apresentar estes problemas. O desempenho escolar também pode ser afetado pela erotização precoce.

O estudo cita uma experiência feita com adolescentes, a quem se pediu que vestisse um maiô ou uma camiseta. Depois de vestirem a peça escolhida, pediu-se que solucionassem um problema de matemática. As que usavam o maiô tiveram resultados piores do que as que escolheram a camiseta.

A mesma experiência feita com meninos da mesma idade não registrou diferenças entre os dois grupos.

O relatório da APA, de 66 páginas, inclui conselhos para os pais que não sabem como ajudar os filhos a resistir a esta pressão social, evidente se levado em conta que, segundo um estudo da Kaiser Family Foundation, quase um em cada duas crianças americanas de 4 a 6 anos de idade tem um aparelho de televisão no quarto.

Os autores também analisaram video clipes e denunciaram as letras de canções como “Don’tcha wish your girlfriend was hot like me?” (Você não gostaria que sua namorada fosse sexy como eu?), do grupo “Pussycat Dolls”, ou “I tell the hos (whores) all the time: Bitch get in my car” (Eu sempre digo às putas: Vadia, entre no meu carro), do rapper 50 Cent. A publicidade também aposta forte na erotização. Uma marca de sapatos (skechers) apresenta a cantora Christina Aguilera recostada em edredons, com a blusa aberta e chupando um pirulito.

As bonecas Bratz, concorrentes da Barbie, mostram “meninas de biquíni em jacuzzis preparando coquetéis, enquanto os meninos tocam guitarra e praticam surfe”. A indumentária das bonecas é de minissaias e roupas com plumas.

A erotização da imagem da mulher gera preocupação na opinião pública, especialmente após a recente comoção provocada pela morte de modelos anoréxicas. Em Madri, as autoridades proibiram a participação nos desfiles de modelos demasiadamente magras e jovens. Na Itália, foi adotado um código de ética para selecionar as modelos e na França, o ministro da Saúde, Xavier Bertrand, pediu a um grupo de trabalho que elabore um código de ética para o uso da imagem feminina na publicidade.

Fonte: AFP

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