O escândalo de abuso sexual de crianças por padres chegou à Igreja Católica da França nesta quinta-feira. A diocese de Rouen informou que um de seus padres está sendo investigado por “antigos delitos contra uma criança”.

A investigação do padre Jacques Gaimard, diretor da emissora Radio Chrétienne, no Departamento de Haute-Normandie, foi aberta após denúncia apresentada pela vítima.

Em comunicado, o arcebispo de Rouen, Jean-Charles Descubes, disse que sua “consideração vai primeiro para a vítima, que teve que construir sua personalidade e sua vida com um sofrimento oculto durante vários anos”.

Descubes informou ainda que outro sacerdote de sua diocese terá de declarar perante um tribunal por “posse de imagens pornográficas de crianças”. Ele não explicou se os dois casos estão ligados.

Os dois padres foram suspensos do serviço até que a Justiça dê a sentença.

Teste

O porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi, afirmou nesta quinta-feira que o papa Bento 16 vê o escândalo de pedofilia que assola a Igreja Católica da Europa e dos Estados Unidos como “um teste para si próprio e para a igreja”.

“O papa é uma pessoa de fé. Ele vê isso como um teste para ele e para a igreja”, afirmou Lombardi, questionado como o papa está reagindo as denúncias de pedofilia.

O papa afirmou nesta quinta-feira, em celebração crismal, que os cristãos não devem aceitar injustiças, mas não citou os casos de pedofilia que assolam a Igreja Católica.

Na solenidade, que integra as celebrações da Páscoa e na qual são abençoados os óleos santos, o pontífice defendeu que os direitos devem ser respeitados, já que são “o fundamento da paz”.

Escândalo

O escândalo sobre os acobertamentos de abusos sexuais de crianças por parte de padres foi revelado na Igreja Católica da Irlanda e atingiu o Vaticano com intensidade ainda maior que o escândalo semelhante que atingiu os Estados Unidos oito anos atrás.

Desta vez, o escândalo vem chegando perigosamente perto do próprio papa, na medida em que os grupos de vítimas disseram que querem saber como ele tratou desses casos antes de sua eleição a papa, em 2005.

Muitas alegações de acobertamentos de abusos sexuais envolvem Munique, na época em que o papa foi arcebispo da cidade, entre 1977 e 1981. Grupos de vítimas pedem ainda informações sobre as decisões tomadas pelo papa na época em que dirigiu o departamento doutrinal do Vaticano, entre 1981 e 2005.

Os casos de pedofilia atingiram ainda a Holanda, onde a Igreja Católica recebeu 1.100 denúncias de pessoas que afirmam ter sofrido abusos sexuais por parte de membros do clero entre os anos 50, 60 e 70.

Na Alemanha, as denúncias de pedofilia chegam a 120 e teriam ocorrido entre as décadas de 1970 e 1980 em escolas jesuítas locais. O caso envolveu até mesmo o sacerdote Georg Ratzinger, irmão do papa, que liderava os rapazes do coro da catedral de Regensburg. O sacerdote negou saber dos casos de abusos e foi inocentado pelo Vaticano.

Na semana passada, na Áustria, a imprensa local noticiou casos de abusos cometidos em dois institutos religiosos nas décadas de 1970 e 1980.

Na Espanha, o Vaticano disse saber de 14 casos de abuso sexual de crianças, que teriam ocorrido de janeiro de 2001 até março de 2010, na Igreja Católica da Espanha.

De acordo com a imprensa espanhola, entre as suspeitas há pelo menos dez sentenças já emitidas por tribunais civis e quatro processos abertos por abusos similares cometidos por religiosos antes de 2001. No total, são 25 sacerdotes e religiosos espanhóis implicados em pedofilia nos últimos 20 anos.

Nos EUA, as maiores autoridades do Vaticano, incluído o então cardeal Joseph Ratzinger, teriam encoberto o reverendo americano Lawrence Murphy acusado de abusar sexualmente de 200 crianças surdas.

O Vaticano reconheceu ainda os abusos cometidos por dois monsenhores e um padre do município de Arapiraca, a 130 quilômetros de Maceió (AL), depois de terem sido acusados de pedofilia por alunos de um coro e por seus familiares.

Fonte: Folha Online

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