Dentro do que é o considerado a “pergunta carona” de uma pesquisa eleitoral de intenção de votos, o IBPS, na última consulta realizada para a Prefeitura do Rio de Janeiro, mediu o grau de influência das pesquisas e da propagada política sobre a percepção dos eleitores do município.

Os números surpreendem, pois mostram que esse tipo de intervenção é praticamente inexistente. A consulta indica que há um mito que opera dessa forma: “Eu não me deixo influenciar, mas os outros, sim”.

Dos entrevistados, apenas 9,2% dos eleitores têm conhecimento das pesquisas e 6,8% declararam saber do percentual de intenção de votos do seu candidato. O conhecimento varia positivamente com o sexo (masculino), a idade (os mais idosos), a escolaridade (nível superior) e a renda. Não há qualquer fator de influência religiosa nesse caso.

Outros 6,3% disseram que “com certeza” deixariam de votar em seu candidato se as pesquisas indicassem que ele não tem chances de vitória. Esses são, em sua maioria, de baixa escolaridade e de menor renda. Mais uma vez, não há qualquer influência do fator religião.

Já 4,3% dos eleitores admitiram que “com certeza” votariam em um candidato que estivesse em primeiro lugar nas pesquisas (teoria do voto no “cavalo que está ganhando”). De novo, os que assim procedem são os mais jovens, menos escolarizados e de menor renda.

Dentro dos interessados, 23% dos entrevistados disseram lembrar de terem visto propaganda política no rádio ou na TV, além de saberem dos nomes dos partidos. Há 27,8% que viram, mas não lembram do partido. Os que não se lembram são os de menor escolaridade, de menor renda e moradores da zona oeste. Outra vez, não há qualquer influência do fator religião. Comparados com os resultados das pesquisas de acompanhamento do horário eleitoral gratuito, realizadas pelo IBPS entre agosto e setembro de 2006, que mostraram que 15% dos eleitores prestam atenção ao conteúdo dos programas, o grau de exposição dos spots publicitários é um bem maior (50,8% contra 15%).

Os entrevistados acreditam, no entanto, que as pesquisas e a propaganda influenciam o voto das pessoas. Para 74,2%, as pesquisas influenciam o voto das pessoas. Outros 70% acham que a propaganda política também influencia o voto. Aqui se manifesta claramente o “mito das pesquisas e da propaganda eleitoral no rádio e na TV”. Se somente 9,2% tomaram conhecimento de pesquisas; 6,8% sabem dizer os percentuais de seu candidato; 6,3% deixariam de votar em seu candidato se ele não tivesse chances; 4,3% votariam num candidato que estivesse em primeiro lugar nas pesquisas; 23% prestaram atenção aos comerciais de propaganda política; e 11,5% disseram levar “muito” em conta a propaganda política na hora de votar, como se explica que 70% das pessoas sejam influenciadas pela pesquisa e pela propaganda? A análise dessa incongruência mostra que o mito funciona da seguinte maneira: eu não me deixo influenciar, mas os outros, sim!

Fonte: O Globo Online

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