Em carta aos fiéis, d. Luiz Bergonzini, da Diocese de Guarulhos, afirma que ‘nova consciência do povo’ inibirá políticos que defendem o aborto.

“E o evangelho da vida foi o grande vencedor”, anuncia a carta de três páginas que d. Luiz Gonzaga Bergonzini, bispo da Diocese de Guarulhos, mandou ler a todos os fiéis nas missas de ontem celebradas em 36 paróquias de seu reduto.

Artífice da reação da Igreja contra o aborto, d. Luiz reputa vitorioso o movimento que desencadeou em julho e que tanto incomodou Dilma Rousseff, candidata do PT à Presidência.

Inconformado com decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que confiscou 1 milhão de cópias do folheto “apelo a todos os brasileiros” – mensagem de sua lavra contra a interrupção da gravidez -, o bispo fez da epístola ontem distribuída a 40 padres estratégia para superar o que classifica de censura.

Sua mensagem aponta para o PT e para Dilma. “Daqui por diante, qualquer líder político, nos cargos executivos ou legislativos, seja no nível municipal, estadual ou federal, quando for tratar dessa matéria que tange a defesa ou a destruição da vida, dar-se-á conta de que agora há no Brasil um povo que tem uma opinião solidamente formada sobre o assunto.”

Invoca o Apocalipse. “Os políticos devem saber que há uma Igreja que, unida a outras denominações religiosas, continuará combatendo em defesa da vida, com o rugido do “Leão de Judá”, impedindo que os valores humanos fundamentais sejam tratados com o descaso que até então se fez. A nova consciência do povo brasileiro atravessará esse e os próximos governos.”

Ao seu rebanho expôs os motivos do sermão. “Tomei a decisão de escrever-vos e partilhar a verdade daquilo que aconteceu e está acontecendo, a fim de sanar as inúmeras dúvidas para que a paz e a serenidade se restabeleçam em vossos corações.”

Escreve que “por consciência cristã e dever de pastor de Deus” iniciou em julho uma batalha pela vida. “Tendo tomado conhecimento, após criteriosa pesquisa, dos projetos do PT para legalizar o aborto, permitindo a sua prática na rede SUS, recomendei a todos que não deem voto a candidato ou partidos políticos que sejam a favor da legalização e descriminalização dessa prática.”

Está convencido de que o pleito presidencial foi para o segundo turno por causa de seu brado. “O povo quis refletir melhor sobre o que realmente pensam os candidatos sobre o princípio bíblico “Não matarás”. O povo começou a discutir o assunto. A falácia de que o aborto é caso de saúde pública perdeu a eficácia e sua real definição se impôs: aborto é assassinato de indefeso.”

Aos 74 anos de idade, 51 de ordenação, d. Luiz crê estar “vivendo o calvário do Senhor”. Atribui a seguidores de Dilma Rousseff e de seu partido blasfêmias das quais alega ser alvo. “Por iniciativa da candidata Dilma e o PT, o documento “apelo a todos os brasileiros” foi denunciado como propaganda política. Os exemplares do documento eclesiástico foram apreendidos e a candidata e o PT sugeriram que eu estava cometendo crime político”, assinala d. Luiz.

Ao final de sua carta, reitera. “Não deis vosso voto a candidatos que sejam a favor da legalização e descriminalização do aborto.”

[b]Fonte: Estadão[/b]

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