Acusado de ser membro das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), o colombiano Francisco Antonio Cadena Collazos, conhecido como Padre Medina, foi colocado em liberdade nesta sexta-feira no Brasil. O advogado do ex-religioso, que está em prisão domiciliar, afirmou que seu cliente pretende continuar no país e se afastar dos conflitos na Colômbia.

As Farc são a principal guerrilha colombiana. O grupo surgiu durante a década de 60, quando guerrilheiros marxistas dominavam a zona rural. Nos anos 80, eles passaram a se financiar com o dinheiro cobrado de traficantes.

Também conhecido como Padre Camilo, Medina afirmou que irá “se dedicar a sua família” no Brasil e que se manterá “fora do conflito na Colômbia”, acrescentou o advogado.

Ele passou os últimos sete meses em prisão domiciliar em Brasília, e antes disso, outros 11 meses na prisão, desde que foi detido em um terminal de ônibus em São Paulo em agosto de 2005. A detenção foi feita a pedido das autoridades colombianas.

Extradição negada

O Supremo Tribunal Federal (STF) do Brasil havia decidido na última quarta-feira (21) negar a extradição do colombiano e ordenou sua libertação. O Comitê Nacional para Refugiados (Conare) brasileiro concedeu a Medina, em julho de 2006, o status de refugiado.

Para obter esse status, o ex-sacerdote se comprometeu a “se manter fora do conflito em seu país” por meio de uma carta entregue por seu advogado ao Conare.

Para os ministros do STF, o reconhecimento da condição de refugiado impede o seguimento de qualquer pedido de extradição. A Constituição brasileira não permite extradição por motivo político, e o Estatuto do Estrangeiro impede a extradição de refugiado.

Padre Medina está há dez anos no Brasil, onde chegou em 1997 e conseguiu residência permanente e permissão de trabalho após se casar com uma brasileira. Ele deixou o sacerdócio e tem atualmente uma filha de quatro anos de nacionalidade brasileira.

O Ministério das Relações Exteriores da Colômbia solicitou em julho de 2006 ao governo brasileiro que revisasse o estatuto de refugiado de Collazos e reiterou o pedido de extradição apresentado em 15 de setembro de 2005.

As autoridades colombianas querem que ele seja enviado ao país para responder à “suposta realização de delitos de homicídio com fins terroristas, seqüestro extorsivo e terrorismo”, segundo o comunicado divulgado pelo governo através da embaixada quando foi repetido o pedido de extradição.

Fonte: Folha Online

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