Em um momento excepcional na Indonésia, maior país muçulmano do mundo, rabinos, testemunhas do genocídio nazista e autoridades muçulmanas concordaram nesta terça-feira em reconhecer a realidade do Holocausto.

O encontro, organizado discretamente devido à delicadeza do tema, foi apresentado como uma “anticonferência de Teerã”.

Em dezembro de 2006, o Irã organizou uma conferência na qual o genocídio de judeus durante a Segunda Guerra Mundial foi questionado, provocando indignação em meio à comunidade internacional.

A reunião, destinada a promover a tolerância religiosa, foi presidida pelo ex-presidente indonésio Abdurrahamn Wahid, chamado de “Gus Dur”, líder islâmico moderado.

“Embora seja um bom amigo do (presidente iraniano) Mahmud Ahmadinejad, devo dizer que está equivocado”, declarou Wahid. “Falsificou a história”, afirmou.

A presença de rabinos se manifestando publicamente na Indonésia é um acontecimento excepcional, mais ainda pela participação de um rabino israelense.

O rabino Daniel Landes, diretor do Instituto de Estudos Judeus de Jerusalém, disse que se sente feliz, apesar de a Indonésia não manter relações diplomáticas com Israel.

A conferência, que reúne também líderes religiosos hinduístas e budistas, foi organizada pela Libforall, uma ONG americana que prega maior tolerância religiosa.

“Trata-se de uma oportunidade única para romper os estereótipos que estão arraigados no mundo muçulmano”, considerou Abraham Cooper, um rabino americano do centro Simon Wiesenthal.

Cooper afirmou que a Indonésia, onde quase 90% dos 220 milhões de habitantes reivindicam um islã moderado, era um “alvo” daqueles que negam o genocídio.

“A maioria dos muçulmanos da Indonésia ignoram o que é o Holocausto, à exceção dos que estudaram sobre o Oriente Médio”, confirmou Ahmad Suaedy, diretor do Instituto Wahid, uma associação que defende um islã moderado.

Sol Teichman, sobrevivente do campo de Auschwitz de 79 anos, que viu sua família ser dizimada pelos nazistas, apresentou sua triste experiência diante de um grupo de estudantes indonésios, balineses, hinduístas e muçulmanos.

No final de abril, diversas autoridades muçulmanas indonésias haviam se oposto firmemente à visita de parlamentares israelenses a Bali, convidados para a 116ª assembléia da União Interparlamentar (UIP).

Os deputados israelenses renunciaram afirmando não ter garantias de segurança.

Fonte: AFP

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