O vice-ministro da Defesa de Israel, Matan Vilnai, afirmou nesta sexta-feira que o lançamento de foguetes por parte dos palestinos em Gaza pode provocar o que ele chamou de shoah – palavra em hebraico usada para denominar tanto o Holocausto nazista como uma situação de desastre.

Em uma entrevista à rádio do Exército israelense, Vilnai afirmou: “Quanto mais o lançamento de (foguetes) Qassam se intensificar e um maior alcance os foguetes atingirem, eles (os palestinos) irão atrair para si um shoah maior, porque nós usaremos todo o nosso poder para nos defender “.

A frase do ministro é especialmente delicada porque a palavra shoah é um termo normalmente usado entre os israelenses para se referir ao Holocausto nazista e pouco usada para se referir a outros assuntos.

No entanto, em entrevista ao jornal israelense Haaretz, um porta-voz do ministério afirmou que o vice-ministro usou a palavra no sentido de desastre e disse que “ele não quis fazer nenhuma alusão ao genocídio”.

O representante do Hamas Sami Abu Zhuri afirmou ao Haaretz que “(os palestinos) estão enfrentando novos nazistas que querem matar e queimar o povo palestino”, disse.

Tensão

Vilnai fez sua afirmação em meio ao aumento na tensão entre israelenses e palestinos na região de Gaza.

Nos últimos dois dias, o lançamento de foguetes por parte do Hamas se intensificou e, em resposta, as ofensivas aéreas israelenses aumentaram, causando a morte de 33 palestinos. A tensão ficou ainda maior depois que um foguete de longa distância lançado pelo Hamas atingiu a cidade de Ashkelon, a 10 quilômetros de Gaza, no sul de Israel, que tem 120 mil habitantes.

A onda de violência envolvendo forças israelenses e o Hamas começou na quarta-feira pela manhã, quando a Força Aérea israelense bombardeou um veículo em que estavam cinco militantes do braço armado do Hamas, Iz Adin El Kassam.

O Hamas iniciou então o que a imprensa israelense definiu como “uma chuva de foguetes” contra o sul do país.

Ao todo, o Hamas lançou na quarta-feira 50 foguetes – um número sem precedentes –, que atingiram principalmente a cidade de Sderot.

Segundo Katya Adler, correspondente da BBC em Jerusalém, os ataques israelenses se intensificaram depois que um israelense foi morto por um foguete disparado por palestinos na quarta-feira.

Em resposta às ofensivas, o governo israelense adotou pela primeira vez os alarmes de alerta para foguetes nas cidade de Ashkelon e Sderot.

O chefe de defesa do Parlamento de Israel e do comitê de relações internacionais, Tazchi Hanegbi, afirmou à Rádio Israel que as tropas israelenses devem destituir o movimento do Hamas em Gaza e ocupar as áreas usadas para disparar os foguetes.

“O Estado de Israel deve tomar uma decisão estratégica para ordenar o Exército a se preparar rapidamente”, disse Hanegbi.

O primeiro-ministro israelense, Ehud Olmert, já havia afirmado nesta semana que é dever de seu governo proteger os israelenses.

Segundo ele, os “terroristas” no território palestino pagarão um preço muito alto pelos ataques com foguetes contra israelenses.

A Autoridade Palestina afirma que condena os ataques com foguetes por parte dos militantes e os ataques aéreos israelenses.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, afirmou na quinta-feira que está “profundamente preocupado” com o aumento da violência na região.

A secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, afirmou que os ataques com foguetes realizados por palestinos “precisam parar”. Rice visitará o Oriente Médio na semana que vem para reuniões com Olmert e o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas.

Fonte: BBC Brasil

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