A Igreja da Inglaterra pagou uma indenização substancial para uma mulher que afirma ter sido drogada e abusada sexualmente em um abrigo administrado pela igreja nos anos 1980.

Teresa Cooper foi enviada ao abrigo Kendall House, em Gravesend, no condado de Kent, na Inglatera, quando tinha 14 anos e descreve os três anos que passou ali como “um pesadelo de abusos”.

O abrigo fechou, mas Teresa Cooper passou as últimas duas décadas reunindo arquivos e documentos que a ajudam a contar sua história.

Eles contêm registros diários do que aconteceu com ela.

Ela não tinha problemas psiquiátricos, mas recebeu imediatamente altas doses de medicamentos, com efeitos devastadores.

“Eu costumava ter alucinações, ver coisas rastejando para cima da minha cama, eu desmaiava toda hora, não me alimentava direito. Em um certo ponto eu tive de ser alimentada por outra pessoa porque eu não conseguida fisicamente me alimentar”, conta Cooper.

Defeitos de nascença

Uma investigação da BBC realizada no ano passado descobriu que durante 32 meses Teresa Cooper recebeu remédios mais de 1,2 mil vezes.

A lista inclui antipsicóticos, anti-depressivos, drogas para evitar os efeitos colaterais e altas doses de tranquilizantes, como Valium.

“Alguém que não tem problemas psiquiátricos, receber estas drogas, nestas combinações e nestas doses, não deveria ser feito”, diz o médico Munir Pirmohamed, da Universidade de Liverpool.

Todos os três filhos de Teresa Cooper tiveram defeitos de nascença. Ela diz conhecer outras 18 mulheres que ela acredita também terem sido drogadas no abrigo e que também tiveram crianças com problemas.

Não existem provas científicas de uma ligação, mas seu advogado acredita que o assunto precisa ser questionado.

“Existem questões parecidas em alguns destes casos e eu acho que, no mínimo, a Igreja deveria iniciar uma investigação aberta e honesta sobre estes casos”, diz o advogado David Coleman.

A Igreja não quis conceder nenhuma entrevista, mas a Diocese de Rochester e Canterbury emitiu um comunicado em que diz: “Ao se chegar ao acordo, não foi feita nenhuma admissão de responsabilidade. É nossa esperança fervorosa que os termos do acordo ajudem Teresa Cooper a seguir em frente com sua vida.”

Ela reconhece que a compensação foi “um importante passo na direção certa”.

Fonte: G1

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