Dias depois do enterro do um arcebispo caldeu seqüestrado no norte do Iraque, novos seqüestros e assassinatos continuam assombrando os cristãos do país, especialmente nesta Semana da Paixão.

“Nós temos pessoas ameaçadas, seqüestradas e mortas – esta é a nossa Semana Santa”, disse o arcebispo caldeu de Kirkuk , Luis Sako.

O perigo em Mosul é grande o bastante e justifica o cancelamento dos festejos de Páscoa na cidade este ano, segundo o arcebispo.

“Nós poderíamos cancelar todas as celebrações e, ainda assim, talvez recebêssemos algumas bombas ou ataques”, disse o clérigo dominicano Najeeb Mikhail.

No entanto, de acordo com o dominicano, as denominações cristãs de Mosul decidiram permanecer na cidade, apesar do risco de ataques. “Vamos cercar nossas igrejas em Mosul, nos proteger e dizer a todo o mundo que nós não aceitamos a situação”.

Ataques recentes

No dia do funeral do arcebispo caldeu Boulos Faray Rahou, um jovem assírio foi baleado na mesma região de Mosul onde ele fora seqüestrado.

Homens não identificados tentaram seqüestrar Rani Youssef Hanna, de 25 anos, no momento em que ele deixava a Igreja Toma no dia 14 de março, segundo o site iraquiano Ankawa.com. Os homens atiraram no rapaz porque ele tentou escapar.

Rani Hanna havia se mudado para a Síria, onde dava aulas de religião, dois anos antes com a sua família por causa da perseguição que os cristãos iraquianos estão sofrendo no país. Ele só estava na região há duas semanas para uma visita e acabou morrendo.

No sábado, 15 de março, uma mulher cristã de uma aldeia síria predominantemente ortodoxa, mãe de cinco filhos, foi seqüestrada. O site Ankawa.com informou que os seqüestradores pediram dinheiro em troca da libertação dela.

De acordo com Mikhail, uma terceira tentativa de seqüestro aconteceu com um homem cristão em Mosul, nesta semana. O jovem foi hospitalizado depois que os seqüestradores atiraram nele, após uma tentativa de fuga.

Os ataques fazem parte do aumento da violência que está afetando todos os grupos étnicos e religiosos do Iraque. Aproximadamente 4.5 milhão de iraquianos foram desalojados pela guerra, segundo informações da “BBC”.

Comunidade órfã

Bispos ortodoxos e sírios se reuniram para decidir como vão ajudar o rebanho do arcebispo caldeu Boulos Faray Rahou, seqüestrado no mês passado e encontrado morto no último dia 13 de março sob uma sepultura rasa ( leia mais).

As causas da morte de Boulos Faray Rahou permanecem incertas, mas Mikhail disse que, segundo a autópsia, ele já havia morrido cerca de sete dias antes da descoberta do corpo. O arcebispo tinha um estado de saúde frágil, usava diversos medicamentos e não tomou nenhum deles desde que foi seqüestrado no dia 29 de fevereiro.

Fonte: Portas Abertas

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