A Igreja católica irlandesa admitiu neste domingo que necessita de uma “nova linguagem” para falar com seus fiéis, depois da vitória do “sim” no referendo sobre o casamento entre pessoas do mesmo sexo, que limitou sua influência no país.

Enquanto os partidários do “sim” se recuperavam da festa da vitória, que durou até a madrugada, muitos católicos foram à missa como todo domingo para escutar as palavras do pároco após o referendo de sexta-feira.

“A Igreja tem que encontrar uma nova linguagem que possa ser entendida e ouvida pelas pessoas”, disse à imprensa o arcebispo Diarmuid Martin, uma das figuras mais importantes da instituição, ao sair da missa na catedral de Santa Maria de Dublin.

“Temos que ver por que os ensinamentos da Igreja sobre o matrimônio e a família não estão chegando nem aos seus próprios fiéis”, afirmou.

O “sim” ganhou com 62% dos votos, frente ao 38% para o “não”, em um país onde ser homossexual foi um crime até 1993.

A maioria dos irlandeses se considera católica, mas a influência da Igreja tem diminuído nos últimos anos, vítima da secularização e da revelação de numerosos casos de abusos sexuais de crianças no seio da instituição.

A Irlanda se tornará o 19º país no mundo a legalizar o casamento homossexual, um processo que levará alguns meses.

[b]O aborto na mira
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Um total de 42 dos 43 distritos eleitorais votaram “sim” na sexta-feira, com uma participação muito elevada, de 60%, graças, em parte, aos milhares de expatriados que voltaram à Irlanda para votar. Trata-se da primeira vez que o casamento homossexual é aprovado por votação popular.

Após a vitória do “sim” chegaram parabenizações de todo o mundo, entre elas do primeiro-ministro britânico, David Cameron, e do vice-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden.

Depois do matrimônio homossexual, alguns políticos já têm em vista outra luta contra um dos fundamentos da doutrina social católica, o aborto, proibido na Irlanda por uma emenda constitucional (exceto em caso de a vida da mãe estar em risco).

“Nós nos comprometemos a incluir a derrubada da oitava emenda no nosso programa e esperamos que as pessoas nos reelejam para que possamos fazê-la após as legislativas de 2016”, afirmou Brendan Howlin, o ministro de Gastos Públicos e membro do partido trabalhista, aliado ao governo com o Fine Gael (centro-direita).

[b]Fonte: swissinfo[/b]

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