A igreja mexicana afirmou nesta quarta-feira que a união matrimonial entre casais do mesmo sexo não cumpre uma “função social plena” e não pode ser comparada a um casamento heterossexual, já que este último pode gerar filhos.

“Reconhecemos a grande variedade de situações familiares que podem atribuir certa estabilidade, mas as uniões de fato ou entre pessoas do mesmo sexo, por exemplo, não podem ser comparadas ao casamento”, disse a Conferência do Episcopado Mexicano (CEM), em um boletim divulgado hoje.

Isso se deve em parte, segundo a Igreja, ao fato de que “nenhuma união precária ou fechada à comunicação da vida nos assegura o futuro da sociedade”.

O presidente do México, Enrique Peña Nieto, assinou ontem uma iniciativa para que o casamento homossexual seja reconhecido na Constituição, a qual deverá ser aprovada pelo Legislativo federal e a maioria dos Congressos dos estados do país.

Para o Episcopado é problemático que uma sociedade “não advirta com clareza que só a união exclusiva entre um homem e uma mulher completa uma função social plena” por ser capaz de dar um “compromisso estável” e “tornar possível a fecundidade”.

Citando o discurso apostólico “A alegria do Amor”, do papa Francisco, a Igreja mexicana lembrou: “Não existe nenhum fundamento para assimilar ou estabelecer analogias, nem sequer remotas, entre as uniões homossexuais e o desígnio de Deus sobre o casamento e a família”.

Os bispos mexicanos disseram “avaliar todas as propostas e ações que promovam o reconhecimento e proteção dos direitos humanos” e consideraram prioritário “evitar toda discriminação”.

Isso em um marco de “dignidade”, no qual “toda pessoa humana”, e além de sua orientação sexual, seja tratada “com compaixão e delicadeza”.

Até com isso, lembrou que “é importante (…) o ensino sobre o casamento entre um homem e uma mulher”.

O Episcopado pediu uma avaliação “a fundo” das iniciativas anunciadas na terça-feira, que incluem uma reforma do Código Civil Federal para apoiar os casamentos entre pessoas do mesmo sexo e evitar linguagens discriminatórias.

“No que se refere às famílias se deve tentar assegurar um respeitoso acompanhamento, a fim de que aqueles que manifestam uma orientação sexual distinta possam contar com a ajuda necessária para compreender e realizar plenamente a vontade de Deus em sua vida”, acrescentou o comunicado.

Nesta terça-feira, no Dia Internacional da Luta contra a Homofobia, Peña Nieto explicou que as iniciativas buscam consolidar constitucionalmente o casamento igualitário, apoiando assim um parecer emitido no ano passado pela Suprema Corte.

O Supremo considerou inconstitucionais as leis estaduais que proíbem o casamento homossexual, em uma tese de aplicação obrigatória, embora os casais frequentemente recorram à Justiça para poder ter direito ao casamento.

[b]Fonte: EFE via Terra[/b]

Comentários