Governo alemão cobra tributo de cerca de 10% de quem se assume católico na declaração de rendimentos e repassa o dinheiro ao Vaticano.

Os católicos alemães criticaram um decreto emitido na sexta-feira pela Conferência Episcopal do país que propõe que os sacramentos sejam dados somente aos fiéis que se assumem como católicos na declaração de impostos, divulgou o jornal britânico ‘Guardian’.

No país, o cidadão pode registrar no formulário oficial de declaração de impostos qual religião pratica. Os contribuintes que assinalam que são protestantes, católicos romanos ou judeus se submetem a um imposto que varia emtre 8% e 9% dos rendimentos anuais. O dinheiro desse tributo é repassado pelo estado ao Vaticano e a igrejas e sinagogas locais. Quem declarar que não pratica nenhuma religião está livre desse tributo.

Até a emissão do decreto, os alemães que não se declaravam formalmente como católicos podiam receber e participar dos sacramentos da igreja. Agora, só poderá ser batizado ou casar na igreja quem paga o imposto, a não ser que a pessoa obtenha uma permissão especial de um bispo. A única exceção é a benção antes da morte, que a igreja oferece tanto a católicos como a não católicos.

“Pagar e orar é um sinal completamente errado, na hora errada”, divulgou nesta segunda o movimento reformista ‘Nós Somos a Igreja’. O grupo disse que o decreto “mostra o grande medo dos bispos alemães e do Vaticano sobre a possibilidade de novas perdas nas receitas fiscais da igreja”. A ‘União das Associações’, grupo conservador e leal ao papa, questionou o fato des católicos que não pagam o imposto serem punidos e pessoas que não cumprem com os requisitos da fé católica poderem continuar na igreja. “Então os sacramentos estão à venda e só quem paga o imposto da igreja pode receber os sacramentos?”, questionou em comunicado o grupo, acrescentando que o decreto episcopal “vai além da venda de indulgências que [Martin] Lutero denunciou no início da Reforma”.

Em defesa do decreto, os bispos disseram que já haviam alertado aos católicos sobre as consequências de deixar a igreja para evitar o pagamento. “É besteira assumir que alguém poderia deixar a igreja institucional e continuar a ser católico”, disse o secretário da Conferência Episcopal Alemã, Hans Langendoerfer. “Quem sai da igreja, deixa-a completamente”, completou em entrevista a uma emissora de rádio católica em Colônia.

O número de fiéis católicos que abandonam a religião na Alemanha gira em torno de 120 mil pessoas por ano, mas nos dois últimos anos esse número subiu para mais de 180 mil fiéis depois das revelações de abusos sexuais contra crianças que abalaram a igreja no país onde nasceu o papa Bento XVI.

Segundo as estatísticas oficiais, o Estado repassa todo ano cerca de cinco bilhões de euros para a Igreja Católica Romana e 4,3 bilhões de euros para as igrejas protestantes.

[b]Fonte: Veja.com[/b]

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