A 3ª Assembléia Ecumênica Européia (AEE), que terminou no último dia 9, na Romênia, procurou enfrentar dificuldades novas e históricas nas relações entre Igrejas cristãs – principalmente entre as comunidades católica e protestante.

O presidente do Conselho Pontifício para a Promoção da Unidade dos Cristãos (CPPUC), cardeal Walter Kasper, não fugiu à problemática levantada pelo último documento da Congregação para a Doutrina da Fé, intitulado “Respostas a dúvidas sobre alguns aspectos relativos à doutrina sobre a Igreja”.

Dom Walter Kasper assegurou que nunca foi intenção da Igreja Católica “ferir ninguém”. O documento afirma, por exemplo, que às “comunidades cristãs nascidas da Reforma” é rejeitada a denominação de Igreja, dado que “não têm a sucessão apostólica no sacramento da Ordem e, por isso, estão privadas de um elemento essencial constitutivo da Igreja” (leia artigo da Portas Abertas sobre o assunto).

“O sofrimento e a dor dos meus amigos é também a minha dor. Não era nossa intenção ferir ou diminuir quem quer que seja”, explicou o cardeal Kasper.

Perante cerca de 2500 delegados de todas as Igrejas da Europa, o presidente do CPPUC indicou que este documento colocou em evidência “todas as diferenças que ainda subsistem”.

Mea culpa

“Sei que muitos, em particular os irmãos e irmãs evangélicas, se sentiram feridos por isto. Esta situação não me deixa indiferente e representa um peso, também para mim”, acrescentou.

Falando do “método da convergência” que tem sido utilizado, até agora, o presidente do CPPUC considerou que o mesmo se encontra “esgotado”, convidando todos a avançar para além do “mínimo denominador comum”.

“Por vezes, aquilo que chamamos cristianismo na Europa é muito superficial, meramente cultural. Em Sibiu, testemunhamos uma dimensão mais profunda da nossa fé”, explicou o secretário-geral do Conselho das Conferências Episcopais da Europa (CCEE), dom Giordano.

Na mensagem que enviou aos participantes, o papa Bento XVI reiterou que “a recomposição total e visível da unidade dos cristãos” é a sua prioridade e que a Igreja Católica se empenha de “maneira irreversível para percorrer a via do ecumenismo”.

Evento

A cidade romena de Sibiu, no centro da Transilvânia, é a capital européia da Cultura do ano 2007 e foi, por esses dias, a “capital” de todos os cristãos da Europa.

A 3ª AEE foi convocada conjuntamente pela Conferência das Igrejas Européias (KEK) e pelo Conselho das Conferências Episcopais da Europa (CCEE). Foi a primeira vez que a AEE ocorreu num país de maioria ortodoxa – reiterando “a convicção irremovível do mundo ortodoxo de fazer tudo o que for possível para restaurar a comunhão entre as Igrejas”.

Metade dos delegados foi nomeada pelas 34 Conferências Episcopais católicas que fazem parte do CCEE; a outra metade representa as cerca de 120 igrejas membros da KEK, de tradição anglicana, ortodoxa e protestante.

A Assembléia articulou-se em sessões plenárias e em “fóruns” sobre os temas: unidade, espiritualidade, testemunho comum, integração européia, diálogo inter-religioso, migrações, respeito da criação (ecologia) e justiça e paz, para além dos momentos de oração comum.

Fonte: Portas Abertas

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