A imagem do santo eremita, São Francisco de Paula, tem sido protagonista de uma disputa entre Divinópolis e Pitangui, no Centro-Oeste do estado de Minas Gerais.

A briga para saber qual cidade é dona da imagem já vem se arrastando há 10 anos. Para tentar resolver o impasse, as cidades chegaram a oferecer uma para outra uma cópia fiel da imagem, porém, nem uma das duas cedeu, alegando não quererem mostrar aos fiéis uma réplica do santo.

[img align=left width=300]http://s.glbimg.com/jo/g1/f/original/2012/05/07/brigasantosdivpitangui_300x225.jpg[/img]A imagem do santo, que antes ficava na paróquia do Divino Espírito Santo de Divinópolis foi entregue ao Instituto Histórico de Pitangui em 1974. Na ocasião o bispo Dom Cristiano Portela entregou a imagem a Pitangui a fim de compor um museu de arte sacra da região Centro-Oeste. A guerra começou quando Divinópolis quis a imagem de volta, mas teve o pedido negado pelo museu justificando que o santo está em um lugar seguro e dificilmente será alvo de vândalos.

De acordo com o vigário geral da diocese de Divinópolis, o monsenhor José Carlos de Souza, a peça foi emprestada para compor o museu de Arte Sacra. “Temos um documento e nele diz que a imagem seria incorporada ao museu, em observação temos os dizeres que a peça pertence à Catedral do Divino Espírito Santo em Divinópolis. Além do mais, o bispo não pode doar nada que seja da diocese, pois a imagem pertence à igreja e isso iria contra as leis canônicas. Isso é inclusive uma questão de bom senso. A imagem esteve em Divinópolis por 200 anos e está em Pitangui há 40, então de fato a imagem pertence à nossa cidade”, enfatizou.

Ainda de acordo com o monsenhor, a peça foi tombada pelo Instituto Histórico de Pitangui como patrimônio municipal sem autorização da igreja. “Esse é um outro problema, na época em que fomos informados desse tombamento fizemos um documento afirmando que éramos contra. Esse documento foi simplesmente ignorado e todo o processo se deu de forma aleatória. Não tivemos resposta do nosso documento que é bem extenso, mas em síntese dizia que não se poderia tombar aquilo que não é deles”, reforçou.

A antropóloga e historiadora Adelan Maria Brandão é uma das fundadoras do Instituto Histórico de Pitangui. Para ela a peça foi doada e, por isso, tombada. “A questão é que na época em que a imagem foi doada, em 1974, o padre Guerino Valentino Fontelo saiu com outras pessoas para recolher imagens que fariam parte do museu de arte sacra. São Francisco de Paula foi doado com o consentimento do bispo Dom Cristiano Portela. Pitangui é uma cidade mãe, várias cidades do Centro-Oeste pertenceram a Pitangui, inclusive Divinópolis, então por isso a cidade foi escolhida para ter o museu. As imagens que estão hoje no Instituto representam histórias, tem memórias, mas elas não pertencem às cidades. Elas, bem como São Francisco de Paula, são imagens que pertencem ao Patrimônio Histórico da Humanidade”, argumentou.

Para Divinópolis a imagem é símbolo de referência histórica. Ainda quando era Arraial, a cidade deu o nome do santo a uma das capelas: Capela do Divino Espírito Santo e São Francisco de Paula. Hoje a capela se tornou a catedral da cidade. “É uma tradição da nossa cidade e não estamos brigando pela imagem. A devoção continua com ela ou sem ela. A questão é que do mesmo jeito que ela é patrimônio da humanidade em Pitangui, ela será patrimônio aqui em Divinópolis. Temos as mesmas condições de zelar pela imagem tanto quanto o museu”, disse o monsenhor José Carlos de Souza.

Ainda segundo o monsenhor, na igreja os devotos terão mais acesso à imagem do que no museu, tendo em vista as regras de visitação. “Sem dúvidas na igreja ela estará resguardada e terá um livre acesso. É muito mais fácil entrar na igreja a qualquer hora do que entrar em um museu”, justificou.

[b]Fonte: G1[/b]

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