Um grupo de imãs radicais sauditas tenta impor restrições às mulheres, impedindo a presença delas junto aos homens na Grande Mesquita de Meca, na Arábia Saudita, o local mais sagrado do islamismo e um dos poucos onde é permitido que mulheres rezem ao lado dos homens.

Ativistas sauditas que lutam pelos direitos das mulheres afirmaram que a proposta é discriminatória e anunciaram sua oposição à iniciativa.

Atualmente é permitido às mulheres rezarem nas imediações da Kaaba, pedra sagrada guardada em uma estrutura cúbica, em torno da qual os fiéis devem fazer sete voltas caminhando durante a peregrinação ritual (haj) estabelecida pelo profeta Maomé.

Se a proposta dos imãs mais conservadores for aprovada, as mulheres deverão pregar em uma seção separada e mais distante da mesquita. “A área é muito pequena e muito cheia. Então, decidimos excluir as mulheres do ‘sahn’ [a zona da Kaaba] e posicionar um local melhor onde poderão ver a Kaaba e ter mais espaço”, declarou Osama al Bar, chefe do Instituto de pesquisa sobre o Haj.

“Algumas mulheres não concordam, mas, do nosso ponto de vista, é melhor para elas. Podemos nos encontrar com elas e explicar no que se baseia nossa decisão”, acrescentou Al Bar, especificando que a proposta ainda não é definitiva e pode ser modificada.

Em torno da Kaaba, especialmente durante o período de peregrinação, milhares de pessoas se amontoam perigosamente, mas esta proposta certamente provocará protestos de muitas mulheres muçulmanas que vivem em países onde as tradições islâmicas são interpretadas de modo mais liberal que na Arábia Saudita.

“Tanto os homens quanto as mulheres têm o direito de pregar na ‘Casa de Deus’. Os homens não têm o direito de acabar com isso”, afirmou Suhaila Hammad, uma professora de Teologia.

A Grande Mesquita de Meca é um dos poucos locais onde homens e mulheres podem pregar juntos, ainda que, do ponto de vista formal, existam espaços separados para cada sexo. O historiador Hatun al Fassi disse que a tentativa de excluir as mulheres da mesquita é inédita.

“Talvez preferissem que as mulheres desaparecessem de todos os locais de culto”, declarou Al Fassi, acrescentando que há pouco tempo foi restringido o acesso das mulheres ao túmulo do profeta Maomé em Medina.

Na Arábia Saudita vigora o Wahabismo, uma doutrina islâmica que prevê uma interpretação especialmente rígida do Alcorão, e as mulheres surpreendidas rezando fora das zonas reservadas para elas são duramente repreendidas pela polícia religiosa.

Fonte: Folha Online

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