Diante dos indícios de culpa do deputado federal Bispo Gê (DEM-SP) na tragédia da Igreja Renascer em Cristo, a Polícia Civil de São Paulo decidiu na quinta-feira, propor à Justiça o envio do inquérito do caso ao Supremo Tribunal Federal (STF), pois como deputado, o bispo, que preside a igreja, tem foro privilegiado.

Em 18 de janeiro, o teto da sede internacional da Renascer, no Cambuci, região central de São Paulo, desabou, deixando nove mulheres mortas.

Assinado pelo delegado Marcel Luís de Campos, o relatório feito pela 1ª Delegacia Seccional, a mando do delegado Dejar Gomes Neto, afirma que dias antes do “fatídico evento” placas do forro da igreja caíram perto do altar e chegaram a ferir fiéis, “porém não há notícia de que a administração da Igreja Apostólica Renascer em Cristo tenha adotado providências”.

O relatório prossegue dizendo ser “inequívoca a responsabilidade dos engenheiros envolvidos na reforma do telhado da igreja, em 1999 e 2000, quando as tesouras que sustentavam o telhado receberam reforço metálico”. É que uma das tesouras, que ficava sobre o altar, ficou sem o reforço metálico.

O relatório também cita a suposta “postura negligente dos administradores da igreja” por terem contratado a empresa Etersul Coberturas e Reformas Ltda, responsável pela reforma do telhado entre julho e dezembro de 2008.

A polícia aponta o fato de a Etersul não ser registrada no Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Crea) e de ela não ter fornecidos à igreja os documentos legalmente exigidos. “À vista dos elementos, emergem indícios de responsabilidade em relação ao presidente da Igreja Apostólica Renascer em Cristo, subscritor do contrato com a Etersul”. De fato, é o Bispo Gê quem assina o contrato com a empresa para a reforma do telhado em 1º de julho de 2008.

O advogado da Igreja Renascer em Cristo, Luiz Flávio D’Urso, disse que o laudo “isenta a Igreja e seus representantes de responsabilidade. “O fator preponderante foi a ausência do reforço metálico na tesoura T14”, assinalou. “Não vejo liame de causalidade entre isso e a Igreja. Se nem o IPT se atentou para a falta do reforço, muito menos a Renascer.”

Fonte: Abril

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