Líderes judeus disseram a autoridades do Vaticano que a negação do Holocausto “não foi uma opinião mas um crime” durante reunião nesta segunda-feira para discutir sobre um bispo que eles acusam de ser anti-semita.

Os encontros, os primeiros desde a controvérsia envolvendo o bispo Richard Williamson, que nega a amplitude do Holocausto, começaram no mês passado, e ocorreram três dias antes de o papa Bento 16 discursar para um grupo de líderes judeus norte-americanos.

Williamson disse em entrevista à televisão sueca, em janeiro: “Eu acredito que não existiram câmaras de gás”. Ele afirmou ainda que não mais que 300.000 judeus morreram em campos de concentração nazistas, em vez dos 6 milhões estimados por historiadores.

“Hoje nós reafirmamos que a negação do Shoah não é uma opinião, mas um crime”, disse Richard Prasquier, presidente da organização franco-judaica CRIF, usando a palavra em hebraico para Holocausto.

Prasquier e Maram Stern, vice-secretário do Congresso Mundial Judaico (WJC, na sigla em inglês), conversaram com o cardeal Walter Kasper, chefe do escritório do Vaticano para relações com os judeus.

“Nós queremos que o Vaticano perceba que acomodando anti-semitas como Williamson, os feitos de quatro décadas de diálogo católico-judeu… estarão postos em dúvida”, disse em comunicado o presidente do WJC Ronald Lauder.

“Nós agora acreditamos que nossa mensagem foi entendida. O polêmico debate das últimas três semanas teve um impacto positivo”, disse Lauder, que não participou das reuniões.

As relações entre católicos e judeus ficaram tensas desde o dia 24 de janeiro, quando o papa Bento 16 revogou as excomungações de quatro bispos tradicionalistas.

Entre os que condenaram Williamson e a decisão do papa estão sobreviventes do Holocausto, católicos progressistas, legisladores norte-americanos, líderes israelenses, a chanceler alemã Angela Merkel e o escritor judeu e vencedor do prêmio Novel da Paz Elie Wiesel.

Uma fonte da Igreja disse que o chefe do rabinato de Israel, que interrompeu os diálogos, decidiu reestabelecer as conversas e visitará o Vaticano no final de fevereiro ou no meio de março.

O Vaticano ordenou Williamson a se retratar publicamente. Durante o fim de semana, líderes tradicionalistas disseram que ele havia sido afastado como diretor de um seminário na Argentina.

Fonte: Abril

Comentários