De acordo com relatos do jornal China Aid, o julgamento do pastor chinês Zhang Shaojie começou no dia 10 de abril em Nanle, na província de Henan, mas os procedimentos judiciais foram posteriormente suspensos por tempo indeterminado, após os advogados de Zhang serem detidos e ele ter de demiti-los do caso.

Segundo uma declaração emitida pela família de Zhang em 11 de abril, a decisão de demitir os advogados foi tomada levando em conta a preocupação de que eles corriam o risco de perder suas licenças para exercer a advocacia. O condado de Nanle foi sujeitado a uma forte presença policial no dia do julgamento; apenas dois membros da família de Zhang foram permitidos comparecer, e um oficial da embaixada dos EUA foi barrado da sala de julgamento.

[img align=left width=300]https://www.portasabertas.org.br/images/1120054/3118357[/img]O China Aid também relatou que, em 9 de abril, Zhang Huixin, filho de Zhang, foi levado para a Secretaria de Segurança Pública de Nanle para interrogatório junto com sua filha de um ano e sua mãe, esposa de Zhang.

O pastor Zhang Shaojie foi acusado de “fraude” e “perturbação da ordem pública”. Ele, que pertence à Igreja Cristã do Condado de Nanle sob o Movimento Patriótico da Tríplice Autonomia (MPTA), sancionado pelo Estado, foi detido em 16 de novembro de 2013, sem qualquer documentação formal após membros da igreja entregarem uma petição pública a uma autoridade superior sobre uma disputa de terras envolvendo a igreja. Mais de 20 membros também foram detidos; desde 15 de janeiro o China Aid relatou que nove membros da igreja permaneciam em detenção e três outros estavam desaparecidos após serem levados sob a custódia da polícia.

Durante os procedimentos judiciais, o advogado Xia Jun questionou as declarações das testemunhas contra o pastor Zhang, alegando que o depoimento de pelo menos uma testemunha foi tomado sob coação, levantando preocupações sobre o Estado de Direito.

Em outro caso que gera preocupações sobre o direito de liberdade religiosa e de crença no país, os advogados Jiang Tianyong, Tang Jitian, Wang Cheng e Zhang Junjie emitiram uma declaração acusando as autoridades de detenção ilegal e tortura.

A Christian Solidarity Worldwide (CSW) previamente relatou a detenção dos advogados em 21 de março desse ano, junto com “muitos outros cidadãos”, após uma tentativa de visitar a fazenda Qinglongshan em Jiansanjiang, a qual acredita-se ser um centro de detenção ilegal que contém uma variedade de pessoas, incluindo cristãos de igrejas não registradas.

Zhang Junjie foi solto em 6 de abril após cumprir uma sentença administrativa de 15 dias. Posteriormente à sua libertação, Jiang Tianyong e Wang Cheng estão sendo vigiados de perto e perseguidos pela polícia, e o filho de Wang teria sido ameaçado com uma proibição de frequentar a escola em Zhejiang.

Uma tradução em inglês da declaração feita pelo China Aid, datada em 13 de abril de 2014, afirma que os quatro advogados foram detidos ilegalmente por oficiais da Secretaria de Segurança Pública de Recuperação Agrícola em Jiansanjiang, que se comportaram “como sequestradores” e que os advogados foram espancados enquanto detidos a fim de forçá-los a desistirem de sua ação em nome das vítimas de detenção ilegal na fazenda Qinglongshan. A declaração também observa que vários outros advogados e cidadãos foram assediados, espancados e detidos pela polícia após apelarem por sua soltura.

[b]Fonte: CSW[/b]

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