Warren Jeffs (foto) foi detido há um ano, em Las Vegas, por suspeita de violação e esta sendo julgado por cumplicidade em estupro. Jeffs tem 40 mulheres, 60 filhos e já esteve na lista dos criminosos mais procurados pelo FBI. Mulher fala da fuga de seita polígama após 20 anos.

Um ano após ter sido preso perto de Las Vegas, Warren Jeffs começou ontem a ser julgado num tribunal de St. George, no estado do Utah, por suspeita de ofensas sexuais e violação.

Se for considerado culpado, o líder da Igreja Fundamentalista dos Santos dos Últimos Dias, a maior seita poligâmica dos EUA – com dez mil membros -, arrisca-se a uma pena de prisão perpétua.

O julgamento deste antigo professor de 51 anos promete trazer a público a questão da poligamia. Proibida nos EUA, esta prática raramente é punida. Segundo a BBC, as autoridades receiam a repetição do que aconteceu em 1993 quando o cerco ao rancho de uma seita poligâmica em Waco, Texas, fez 80 mortos.

Quanto a Jeffs, tornou-se líder – ou profeta – da Igreja Fundamentalista dos Santos dos Últimos Dias há quatro anos, sucedendo ao pai, Rulon. A seita, que se afastou dos mórmons há cem anos, quando estes baniram a poligamia, vive em comunidades isoladas, onde as mulheres usam roupas do século XIX. Os fiéis acreditam que têm de casar pelo menos três vezes para irem para o céu.

Acusado de ofensas sexuais por alegadamente organizar casamentos entre menores e homens mais velhos, Jeffs é procurado no Utah por cumplicidade num caso de violação. Durante dois anos, o líder religioso conseguiu fugir à polícia, tendo sido detido em Agosto de 2006, numa operação stop perto de Las Vegas. O homem, cuja captura valia uma recompensa de cem mil dólares, estava acompanhado pelo irmão e por uma das mulheres.

Jeffs, que as autoridades acreditam ter expulso da seita mais de mil rapazes para que os membros mais velhos tivessem menos concorrência no momento de escolher uma mulher, deverá explicar o seu comportamento perante um júri que nesta segunda-feira, 10, começou a ser escolhido.

Segundo o Salt Lake Tribune, a defesa apresentará 70 testemunhas, todas elas membros da seita. Em declarações ao mesmo jornal, Rod Parker, advogado que já trabalhou para a seita, explicou que os seus membros não vão “mudar de profeta” só porque Jeffs está preso.

Mulher fala da fuga de seita polígama após 20 anos

Sara Hammon, 34 anos, viu algumas de suas irmãs serem tiradas da escola para casar com homens que nem conheciam. Temendo o mesmo destino, ela fugiu de casa na cidade de Colorado, no Estado do Arizona, Estados Unidos, quando tinha ainda 14 anos.

Ela deixou para trás 19 mães, 74 irmãos e irmãs, assim como um pai que ela diz nunca lembrar de seu nome, mesmo tendo molestado-a freqüentemente. Sara, que foi a primeira jovem de 14 anos a abandonar a seita, também deixou para trás uma cultura que acredita ser opressora às mulheres.

Hammon relatou à rede de televisão CNN detalhes de sua vida dentro da seita polígama na qual vivia. Seu líder, Warren Jeffs, está preso na cadeia de Purgatory, no sul do Estado de Utah, e sendo julgado desde segunda-feira, 10 de setembro.

Ele está sendo acusado de cumplicidade em estupro, por sua interferência para forçar o casamento entre um de seus primos e uma menina de 14 anos. Além disso, deve enfrentar diversas outras acusações de delitos sexuais no Arizona.

“Provavelmente a pior parte dessa teologia é o tratamento dado à mulher, assim como os ensinamentos de que ela não é igual ao homem. Elas devem ter um marido para conseguir alcançar o mais elevado nível do céu. E não apenas um marido, porque elas devem permitir que ele tenha duas outras mulheres”, afirmou.

Hammon nasceu em Hilldale, no Estado de Utah, mas cresceu em Colorado City, onde seguidores dos Jeffs – presidente e profeta da Igreja Fundamentalista de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias (FLDS, sigla em inglês), que pratica a poligamia livremente.

Fonte: Redação Terra e Diário de Notícias – Portugal

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