Um importante líder evangélico dos Estados Unidos afirmou na terça-feira que o candidato democrata à Presidência, Barack Obama, distorceu a Bíblia e adotou uma postura “amalucada” diante da Constituição do país.

Os comentários feitos pelo comunicador James Dobson incluem-se entre os ataques de cunho religioso mais ferozes lançados até agora contra o senador de Illinois, que enfrentará o republicano John McCain no pleito de novembro.

Dobson, que já tinha dito antes que não votará em McCain porque o candidato defendeu no passado as pesquisas com célula-tronco, afirmou na terça-feira que o republicano, senador pelo Arizona, não se empenhou o suficiente para impedir o casamento entre pessoas do mesmo sexo em seu Estado.

“Neste ano, tivemos muitas frustrações com ambos os partidos políticos”, disse Dobson em seu programa de rádio, que conta com uma audiência de milhões de conservadores.

As críticas lançadas pelo líder religioso, um partidário ferrenho do presidente dos EUA, George W. Bush, nas eleições de 2004, surgem no momento em que os democratas esperam angariar votos entre os eleitores evangélicos, tradicionalmente ligados aos republicanos.

Obama, ao contrário de candidatos anteriores de seu partido, fala frequentemente a respeito de suas convicções cristãs.

Os democratas esperam conquistar o apoio dos evangélicos mais jovens e mais centristas, que se preocupam com aquecimento global, pobreza e o aborto -um ponto que costuma mobilizar os integrantes dessa fatia do eleitorado.

Dobson, chefe da organização Foco na Família, criticou Obama devido a um discurso de 2006 no qual o senador disse que as pessoas religiosas não possuem o monopólio sobre a moralidade e que deveriam elaborar seus argumentos em termos universais, e não religiosos.

“Essa é uma interpretação amalucada da Constituição”, afirmou Dobson. “O que ele está tentando dizer é o seguinte: a menos que todos concordem, não temos o direito de lutar pelo que acreditamos.”

No mesmo discurso, Obama citou certas passagens da Bíblia que, se interpretadas literalmente, permitiriam aos pais apedrejar seus filhos e exigiriam a dissolução do Departamento de Defesa.

“Intencionalmente, ele está distorcendo a interpretação tradicional da Bíblia a fim de encaixá-la em sua visão de mundo, em sua própria e confusa teologia”, afirmou Dobson.

Obama comprometeu-se com trabalhar para além das diferenças religiosas a fim de unificar o país, afirmou um assessor dele.

“Barack Obama está empenhado em atrair as pessoas de fé e defender as famílias norte-americanas. E se alguém ler por inteiro seu discurso de 2006, intitulado ‘Apelo à Renovação’, perceberá isso”, disse em um comunicado Joshua DuBois, diretor do candidato para assuntos religiosos.

Pesquisas mostram que os evangélicos se afastam lentamente do Partido Republicano apesar do apoio de Obama ao aborto e aos direitos dos homossexuais.

Dobson liderou os esforços para tornar ilegais o aborto e o casamento entre pessoas do mesmo sexo, além de ter ajudado a reeleger Bush em 2004, atraindo o apoio dos evangélicos para o atual presidente.

Fonte: Globo Online

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