Em seu mais duro discurso sobre a relação com o Estado judaico, o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, afirmou que não reconhecerá mais acordos de paz assinados com Israel e pediu para a Organização das Nações Unidas (ONU) fornecer proteção internacional aos palestinos, nesta quarta-feira (30), na sede do órgão, em Nova York.

Apesar das declarações, Abbas não forneceu detalhes sobre como agirá daqui para frente, deixando espaço para manobras que devem voltar a focar as atenções mundiais sobre o conflito entre Israel e Palestina, cada vez mais distante de uma resolução. Ele também evitou mencionar como agirá em relação à segurança coordenada entre forças palestinas e israelenses contra o inimigo em comum, o grupo islâmico palestino Hamas, que domina a Faixa de Gaza e é considerado terrorista pelo Estado judaico.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, reagiu prontamente ao discurso de Abbas, chamando-o de mentiroso, de “incitar a instabilidade no Oriente Médio” e pedindo-o para começar a agir com responsabilidade.

“O fato de, de tempos em tempos, Abbas agir desta forma é a prova de que ele não tem intenção de alcançar um acordo de paz”, disse em comunicado.

Os comentários de Abbas vêm após anos de paralisia nas negociações para a fundação do Estado Palestino e meses depois de Netanyahu ter formado um governo de direita que insiste em continuar a expandir seus assentamento dentro do território onde os palestinos tentam criar seu país, uma das barreiras para o acerto entre os povos.

Com as negociações paradas, Abbas tem falhado em apresentar políticas alternativas para solucionar os problemas com o vizinho. Pesquisa recente mostra que a maioria dos palestinos querem a renúncia do líder.

No discurso, Abbas acusou Israel de deixar seu povo parecer “uma autoridade sem poderes reais”. “Enquanto Israel se recusar a parar com os assentamentos e de soltar prisioneiros palestinos não há como haver acordo”, esbravejou.

“Assim, declaramos que não poderemos continuar tendo uma ligação com esses acordos e que Israel precisa assumir suas responsabilidades como força ocupante […] Peço à ONU proteção internacional aos palestinos de acordo com as leis humanitárias internacionais.”

O discurso veio pouco antes de a ONU hastear pela primeira vez a bandeira palestina ao lado das outras 193 que compõem a organização, ato precedido pela exigência de Abbas para que palestinos sejam reconhecidos como donos de seu próprio território.

Foram 119 os países que apoiaram que a Palestina se tornasse, ao lado do Vaticano, membro observador das Nações Unidas, no início do mês. No total, 45 países se abstiveram da votação, e oito votaram contra – entre eles Israel, EUA e Austrália.

[b]Fonte: Último Segundo[/b]

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