Policiais do Laos prenderam 15 famílias cristãs do grupo étnico hmong no distrito de Bokeo no dia 22 de fevereiro, um dia antes de um tribunal sentenciar nove líderes eclesiásticos hmongs a 15 anos de prisão por conduzirem ministérios e cultos cristãos que cresceram além dos limites aceitáveis pelas autoridades comunistas.

Fontes informaram que no dia anterior à sentença, autoridades laocianas chegaram à vila Ban Sai Jarern em Bokeo (também conhecido como Bo Kew) com seis caminhões nos quais levaram seis famílias cristãs. As autoridades também prenderam, pelo menos, sete famílias na vila Fai, segundo informações. No total foram presos 58 cristãos.

“Parece que eles estão reunindo todos os cristãos da etnia hmong provenientes do Vietnã para mandá-los de volta àquele país”, disse uma fonte cristã que pediu o anonimato por questões de segurança. “O que vai acontecer com eles é desconhecido e nos deixa alarmados”.

As autoridades também disseram aos cristãos hmongs que voltariam para buscar aqueles que eram provenientes de outros distritos do Laos.

Hmongs deportados

“Os oficiais comunicaram-lhes que seriam enviados para os distritos de onde fossem originários”, disse-nos um informante cristão. “Muitos hmongs do distrito de Bokeo se casaram com hmongs de outros distritos, então esta medida causará um tremendo sofrimento para muitas famílias”.

Os nove líderes condenados por dirigirem ministérios e cultos cristãos que cresceram muito na região foram presos durante uma operação militar e policial contra “rebeldes” que deixou pelo menos 13 cristãos inocentes mortos.

Apesar de a Igreja Ban Sai Jarern ser uma denominação registrada pelo governo e reconhecida pela Igreja Evangélica do Laos, os cultos se tornaram muito conhecidos e desagradaram as autoridades comunistas, de acordo com algumas fontes.

“Sempre houve restrições em relação ao crescimento de igrejas no Laos, na verdade, em relação a qualquer movimento, mas essas restrições não estão na lei – eles, supostamente, têm liberdade religiosa”, disse a fonte.

Crescimento de Igreja incomoda

“O problema foi que a igreja cresceu muito mais do que eles poderia imaginar – e foi um crescimento que a igreja não teve como evitar”.

A congregação Ban Sai Jarern enfrentou outras complicações por causa da presença de hmongs vietnamitas que se refugiaram no distrito de Bokeo. Eles são procurados pelas autoridades vietnamitas por serem ex-líderes cristãos em suas igrejas no Vietnã.

Esses cristãos hmongs também são perseguidos pelas autoridades laocianas por serem confundidos com rebeldes separatistas.

“Os cristãos vietnamitas de etnia hmong que se refugiaram no distrito de Bokeo estão sendo acusados de envolvimento com o movimento separatista. E sempre negam esse envolvimento”, diz a fonte.

A posição tomada pelo governo laociano em julho foi sem precedentes naquela área. Mas, fontes dizem que no ano de 2006 as autoridades perseguiram hmongs que fugiram de perseguição política e religiosa no Vietnã e se refugiaram em Ban Sai Jarern.

A maioria dos cristãos que moram na vila é de etnia hmong, inclusive as quase 20 famílias vindas do Vietnã, dizem as fontes. As autoridades vietnamitas e laocianas são, há muito tempo, hostis aos hmongs porque eles lutaram ao lado dos soldados americanos durante a guerra do Vietnã, e os vêem como aliados do líder separatista general Van Pao.

Cristianismo: religião estrangeira

De acordo com algumas fontes, a hostilidade é ainda maior em relação aos hmong cristãos. O governo acredita que o cristianismo protestante é uma religião estrangeira imperialista sustentada por interesses políticos do ocidente, em particular dos EUA.

O resultado disso é que as autoridades governamentais vêm matando e prendendo indiscriminadamente os hmongs cristãos que eles associam, de maneira equivocada, aos separatistas desde que sua geração anterior ajudou as forças norte-americanas na Guerra do Vietnã.

Membros da Igreja Ban Sai Jarern relataram que nenhuma pessoa de sua congregação possui algum contato ou se comunica de alguma maneira com os rebeldes separatistas.

Um dos líderes presos em julho passado, Dzong Tho Siong, foi deportado para o Vietnã em setembro. Dzong fora para o Laos para fugir da perseguição em seu país em 2002. Quando seus parentes o visitaram na cadeia, em novembro de 2007, os guardas disseram que ele não estava mais ali e que não sabiam informar para onde ele havia sido transferido.

“Ninguém teve mais nenhuma notícia de Dzong, e acreditamos que ele tenha sido morto”, disse uma fonte. “Os parentes continuam voltando para levar comida para ele, mas os carcereiros falam que ele não está mais naquela cadeia e que não sabem para onde ele foi”.

A maioria dos adultos presos em 22 de fevereiro eram líderes em suas igrejas no Vietnã que fugiram para não serem presos, contou uma fonte que acrescentou que muitos deles vão enfrentar um fim parecido com o de Dzong sem direito ao devido processo legal.

Fonte: Portas Abertas

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