A Bíblia do islã traz modificações como “Representante de Deus” em lugar de filho de Deus, “Mevla (protetor)” em lugar de Pai e “abluções de penitência” em lugar de batismo.

Um exemplo se pode ver na versão desta tradução em árabe do Evangelho de Mateus, em concreto Mateus 28:19, que resulta modificado deste modo: “batizar em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo” passa a ser “purificar com a água em nome de Alá, de seu Messias e de seu Espírito Santo”.

“Como líderes das Igrejas protestantes locais –escrevem em uma nota os responsáveis evangélicos- encontramos as traduções enganosas destes importantíssimos términos nos que se funda o Novo Testamento; errôneas e muito negativas. E certamente não podemos aprovar”.

A Aliança das Igrejas protestantes turcas representa a maior parte das confissões evangélicas do país . Em 2011 publicou um “Informe sobre as violações dos direitos dos cristãos em Turquia”. Os cristãos constituem uma pequena minoria dos 72 milhões de habitantes. o temor que tem (além da teologia errônea) é que estas traduções podem alimentar mal entendidos e falsas interpretações, nutrindo a cristianofobia presente no mundo islâmico.

[b]MAIS REAÇÕES INDIGNADAS
[/b]
Críticas, muitas delas ásperas, também receberam por parte da Biblical Missiology , um dos grupos que refletiu a indignação de seus representantes em Turquia em sua página web. “Como sabe ´Ocidente´ o que é melhor para as Igrejas nacionais em terras mais além de suas fronteiras, onde estão submetidas a todo tipo de pressões, sacrificaram sua vida pelo Evangelho e tem que colher as consequências destas traduções e metodologias?”, era a pergunta em sua contundente nota a Biblical Missiology.

O problema não se limita únicamente a Turquia. Também protestam em diferentes partes do mundo de maioria islâmica diante desta tradução muitos responsáveis de missões evangélicas que anteriormente eram muçulmanos, assim como cristãos que vivem nos paises em que estas traduções estão em uso.

Por isso, os evangélicos turcos não foram os primeiros que tomaram partido contra as traduções “islamizadas”. Por exemplo, a Igreja evangélica de Bengala se expressou com grande gravidade, e o mesmo sucedeu em Malásia, onde entre outras coisas a polêmica sobre o uso do término “Alá” por parte dos cristãos para indicar a Deus durou anos, apesar de uma sentença do Tribunal Constitucional. “Como Igreja em um país de maioria muçulmana, nos preocupa que existam atualmente movimentos que cancelam todas as referências a Deus como Pai e a Jesus como Filho de Deus nas Sagradas Escrituras em língua local”, escreveu Moko Chen Liang, secretário geral da Gereja Presbyterian Malaysia a seus colegas estadounidenses.

[b]OS TRADUTORES SE DEFENDEM
[/b]
A controvérsia manda ao banco dos acusados a Wycliffe Bible Translators, ao Summer Institute of Linguistic (SIL) e a Frontiers ; três organismos protestantes que elaboraram as traduções da Bíblia que eliminam ou modificam términos que poderíam resultar ofensivos para a mentalidade islâmica.

Wycliffe Bible Translators nas fases iniciais da controvérsia defendia a iniciativa, afirmando que “os recursos (Pai e Filho, n. do r.) não haviam sido eliminados, senão que se haviam mantido de uma maneira que não comunicava um significado incorreto. O problema não é que a terminologia grega seja ofensiva para os muçulmanos, senão que desgraçadamente para alguns leitores as traduções tradicionais podem implicar que Deus pratica sexo com as mulheres, e dar aos leitores a impressão que a tradução seja corrupta” .

Entretanto, ao menos é o que dizem os evangélicos turcos, já faz tempo que havia sido lançado o alarme sobre este tipo de traduções. “Para evitar que os cidadãos turcos, cristãos ou não, se exponham a uma doutrina errônea, e a incompreensões, o comitê de tradução havia recebido a petição de cambiar os pontos que minam as bases da teologia cristã”. Mas os tradutores seguiram traduzindo “Representante de Deus” em lugar de Filho de Deus, “Mevla (protetor, auxiliar)” em lugar de Pai e “abluções de penitência” em lugar de batismo.

[b]VÃO REVISAR A TRADUÇÃO
[/b]
Tanto foi a cadeia de reações que chegou a tomar a forma de uma petição oficial para por fim a estas traduções.

Como consequência, parece ser que finalmente Wycliffe decidiu revisar sua política de tradução na colaboração com a Aliança Evangélica Mundial (World Evangelical Alliance), uma das maiores redes de Igrejas evangélicas a nível mundial, que projeta colocar este problema em mãos de uma comissão de expertos para que o estudem.

[b]Fonte: Protestante Digital[/b]

Comentários