A maioria dos católicos praticantes da diocese de Lisboa, Portugal, raramente lê a Bíblia ainda que em quase todas as casas exista um exemplar do livro sagrado, conclui um estudo do Patriarcado de Lisboa apresentado hoje.

Os resultados do inquérito, realizado em Setembro e Outubro a 3.839 participantes nas missas de domingo nas várias paróquias do Patriarcado de Lisboa, revelam que 87,65 por cento dos inquiridos tem uma Bíblia em casa.

Porém, quase 30 por cento nunca a lê sozinho ou lê até duas vezes por ano, uma percentagem que duplica (60,12 por cento) quando a pergunta é se lêem a Bíblia acompanhados.

Por outro lado, 14,2 por cento dos participantes no inquérito afirma que apenas lê entre duas e seis vezes por ano e sete por cento entre sete e 12 vezes por ano.

Cerca de 10 por cento afirmou ler o Livro Sagrado uma a duas vezes por semana e 9,3 por cento diz que o faz todos os dias.

É através da Bíblia que três quartos dos inquiridos (74,6 por cento) consideram que Deus se comunica aos homens, embora juntem a esta outras formas.

Cerca de 16 por cento afirma ter dúvidas ou não saber como se processa esta comunicação enquanto que para 7,3 por cento dos participantes a Bíblia é o único veículo da Palavra Divina.

O inquérito, que continha 15 questões relacionadas com “A Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja”, o tema da XII Assembléia Geral do Sínodo dos Bispos, que se realiza em Outubro deste ano, no Vaticano, revela também que apenas 8,5 por cento dos inquiridos vai diariamente à missa, existindo um número significativo de indivíduos que não participa habitualmente na celebração semanal.

A maioria dos participantes no estudo não desempenha qualquer serviço na paróquia (65,2 por cento) nem pertence a qualquer associação ou movimento católico (64,8 por cento).

A investigação do Patriarcado conclui ainda que não é clara a importância do tema “Palavra de Deus” na vida religiosa dos católicos da diocese de Lisboa, contudo verificou-se abertura para o aprofundamento do assunto por parte dos inquiridos.

Quase 85 por cento dos participantes considerou o tema interessante, mostrando-se disponível para aprofundar o assunto, enquanto 6,4 por cento afirmou que não lhes desperta grande interesse.

A amostra considerada corresponde, segundo os autores do estudo, a cerca de quatro por cento dos participantes nas celebrações dominicais em Lisboa.

O objetivo era recolher uma amostra de 10 por cento, “mas a não adesão da totalidade das paróquias impossibilitou chegar a esse número”.

Os inquiridos são na sua esmagadora maioria são mulheres (71,3 por cento), com mais de metade do total de participantes (59 por cento) a situar-se acima dos 50 anos e apenas cerca de 20 por cento tem idade inferior a 35 anos.

Quanto às habilitações literárias, cerca de um quarto dos participantes possui um curso superior e 20 por cento terminou o ensino secundário.

Com o 9.º ano de escolaridade responderam 12,4 por cento enquanto que 20,9 por cento tem a quarta classe.

A baixa percentagem de leitura da Bíblia e as dúvidas acerca da forma como Deus transmite a sua mensagem reveladas pelo inquérito levam o Patriarcado de Lisboa a considerar “urgente” formação que “preencha as necessidades dos cristãos” nesta matéria.

O Cardeal Patriarca de Lisboa na sua mensagem do Dia da Igreja Diocesana, que se assinalou a 18 de Maio, tinha-se já mostrado inquietado com o afastamento da sociedade em relação à Igreja, considerando fundamental “redescobrir o dinamismo da iniciação cristã”.

Para D. José Policarpo, é necessário encontrar “caminhos novos, inventivos e ousados” para atrair pessoas, designadamente através da catequese de adultos ou catecumenado (iniciação cristã) para os adultos não batizados.

Fonte: Lusa

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